O que esperar para a Selic após o IPCA de outubro, segundo economistas

Resultado da inflação menor do que o esperado indica que os preços têm se mantido controlados, contribuindo para a queda da inflação em 12 meses

Sede do Banco Central em Brasília
13 de Novembro, 2023 | 07:18 PM

Bloomberg Línea — O resultado do do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro reforçou a visão de que a inflação tem retrocedido de forma mais acentuada do que o esperado, indicando um cenário mais favorável para cortes de juros por parte do Banco Central.

No mês passado, os preços subiram 0,24%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficando abaixo do esperado pelo mercado. A expectativa de economistas consultados pela Bloomberg era de alta de 0,29%.

Para Alexandre Maluf, economista da XP Investimentos, as medidas do IPCA “confirmam que a segunda fase da desinflação no Brasil tem avançado mais rapidamente do que o esperado”.

“Não fossem as incertezas fiscais e a alta das taxas de juros nos Estados Unidos, o Banco Central (BC) teria espaço para acelerar o ritmo de redução da taxa Selic”, escreveu Maluf em relatório.

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Segundo a XP, a previsão é a de que o Comitê de Política Monetária (Copom) agirá com cautela e entregará cortes de 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões.

Gino Olivares, economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, afirma que “continua se verificando o cenário de inflação corrente benigna descrito pelo Copom nas suas últimas comunicações”.

“O resultado de hoje [sexta-feira] deve, muito provavelmente, levar a uma rodada de revisões baixistas para as projeções de inflação para este ano. Só a continuidade desses resultados nos próximos meses deverá levar a revisões das expectativas de inflação para 2024″, afirma.

O Boletim Focus, do Banco Central, divulgado nesta segunda-feira (13), mostrou um recuo nas estimativas dos economistas para o IPCA de 2023, após o resultado de inflação de outubro. Especialistas consultados pela instituição preveem agora que o indicador deve chegar a 4,59% ao final do ano (ante previsão de 4,63% no relatório da semana passada).

O UBS BB (UBS) espera que o IPCA suba 0,26% em novembro e 0,62% em dezembro. “Em nossa visão, o principal risco ainda reside nos preços dos combustíveis. Estimamos que o governo ainda tem espaço para reduzir os preços localmente e, se essa mudança for feita nas próximas semanas, ainda poderia impactar as cifras de novembro e dezembro para baixo. Isso não está contemplado em nossa previsão. Enquanto isso, tanto os núcleos quanto os produtos alimentícios têm riscos simétricos em comparação com nossa previsão”, disseram analistas do banco em relatório.

Isso, segundo eles, deve levar o Copom a continuar o processo de corte de 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões até março, quando a redução deve ser de 0,75 ponto percentual.

“Essa aceleração está condicionada a: concretização de nossa previsão de inflação mais baixa localmente e nos EUA e o Fed começar a sinalizar cortes nas taxas”, afirma o UBS BBo. “Notavelmente, em março, o Copom começará a considerar a inflação de 2025 mais do que a de 2024, e a previsão de 2025 do BCB já está em torno da meta.”

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A Warren Investimentos diz que o índice continua chamando atenção para o bom desempenho da inflação de serviços e para núcleos arrefecendo, mais rápido que esperado, nas medidas de média móvel de 3 meses dessazonalizada e anualizada. Entre as surpresas baixistas, a casa de investimentos destaca o transporte por aplicativo, higiene pessoal e automóveis.

“De toda forma, esperamos alta de 1,2% para os alimentos no IPCA de novembro e entendemos que este movimento é antecipação do El niño”, afirma Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos.

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Tamires Vitorio

Jornalista formada pela FAPCOM, com experiência em mercados, economia, negócios e tecnologia. Foi repórter da EXAME e CNN e editora no Money Times.