‘Medo de ficar de fora’ na IA levará a erros, diz bilionário do private equity

Orlando Bravo, fundador da Thoma Bravo, afirma que há uma hesitação em meio à preocupação de que o setor esteja supervalorizado; empresa é uma das maiores do setor de private equity do mundo

Orlando Bravo
Por Dani Burger - Daniel Cancel
07 de Dezembro, 2025 | 03:33 PM

Bloomberg — O rápido avanço da tecnologia de inteligência artificial despertou a ansiedade entre investidores, pois as empresas lutam para julgar quais empresas de tecnologia valem o risco. A avaliação é de Orlando Bravo, fundador da Thoma Bravo, uma das maiores firmas de private equity do mundo.

Em discurso no evento Bloomberg New Voices, em Miami, na sexta-feira (5), Bravo disse que o hype em torno da IA desencadeou um medo de perder oportunidades nos mercados privados, levando algumas empresas a tomar decisões das quais podem se arrepender mais tarde.

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“Nos mercados privados, há um FOMO em relação à IA, de que eles precisam fazer parte dela e isso fará com que muitos jovens cometam muitos erros”, disse Bravo no evento, se referindo à sigla para “fear of missing out” (medo de ficar de fora).

Em todos os mercados abertos, os investidores estão “negociando essas empresas com base em múltiplos de private equity e, se o você não estiver ganhando dinheiro, eles estão punindo suas ações”, disse ele.

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Os investidores de fundos, conhecidos como “limited partners” (LP), também estão expressando hesitação em investir em inteligência artificial em meio à preocupação de que o setor esteja muito arriscado, afirmou.

“Há algumas instituições de LP enormes, algumas das melhores, que estão paradas neste momento pela primeira vez em 30 anos”, disse Bravo. Segundo o fundador, os investidores querem entender melhor o produto antes de avançar em uma transação.

A empresa de private equity Thoma Bravo tornou-se um dos pilares do investimento em software e tecnologia. Ela administrava mais de US$ 180 bilhões em ativos em 30 de setembro.

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Desde a fundação de sua atual interação em 2008, ela esteve envolvida em cerca de um quinto de todas as aquisições de private equity no setor, conforme medido pelo valor até abril, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

Bravo, de 55 anos, nasceu em Porto Rico e mantém laços estreitos com a ilha por meio da fundação de sua família. Quando adolescente, mudou-se para a Flórida para seguir uma carreira no tênis e, mais tarde, estudou na Brown University com uma bolsa de estudos.

Depois de um período no Morgan Stanley como banqueiro de investimentos e de se formar em direito pela Universidade de Stanford, Bravo ingressou na Thoma Cressey Equity Partners e, mais tarde, fundou a Thoma Bravo.

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Bravo acumulou uma fortuna pessoal de cerca de US$ 14,7 bilhões, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index.

Em agosto, a Thoma Bravo adquiriu a fornecedora de software de recursos humanos Dayforce em um negócio de US$ 12,3 bilhões, um dos maiores negócios já realizados. Em junho, a empresa disse que havia levantado US$ 24,3 bilhões para seu mais recente fundo de aquisições.

A tecnologia de IA será “transformadora” para as empresas ao longo do tempo, mas muitas precisam “atingir seus números agora e realmente investir”, disse Bravo na sexta-feira. No momento, “algumas dessas avaliações estão realmente fora de controle”, acrescentou.

Apesar das altas avaliações, Bravo disse que ainda há muitas oportunidades de investimento.

Embora os ganhos de produtividade generalizados da IA levem tempo para serem percebidos, a mudança tecnológica levou inicialmente as empresas a pensar em como se reestruturar, para “refazer seus processos de uma maneira boa ou simplesmente retirar custos e aumentar sua margem”, disse Bravo.

-- Com a colaboração de Isabella Farr.

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