Bloomberg Línea — Nos últimos dias, os Estados Unidos e a China se aproximaram de um acordo em relação às tarifas, e esse abrandamento da guerra comercial permitiu que o JPMorgan (JPM) revisasse para cima sua previsão para o crescimento econômico do Brasil.
O banco norte-americano agora projeta que o Produto Interno Brasileiro (PIB) crescerá 2,3% ao ano em 2025 (em comparação com o 1,9% estimado anteriormente).
O JPMorgan reconhece que essa previsão está acima do consenso de 2%. Com relação ao próximo ano, o banco de investimentos advertiu: “continuamos a esperar que o crescimento desacelere para 1,2% em 2026”.
O documento publicado pelo JPMorgan sobre o Brasil faz referência ao conflito que eclodiu em 2025 entre as duas maiores potências mundiais: “após o acordo comercial entre os Estados Unidos e a China nesta semana, as previsões para ambos os países foram melhoradas, e as chances de uma recessão foram reduzidas para menos de 50%”.
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Como resultado, o JPMorgan retomou a visão construtiva que tinha antes da escalada das tensões comerciais.
A principal diferença em relação à perspectiva anterior ao “Dia da Libertação” é que o banco agora prevê um crescimento significativamente mais forte do PIB brasileiro no primeiro trimestre, de 5,8% em base anual, impulsionado por uma safra agrícola robusta.
Inflação
O banco de Wall Street continua a acreditar que a desaceleração esperada no Brasil, em um contexto de política monetária restritiva, ajudará a reduzir as pressões inflacionárias no próximo ano.
O JPMorgan também acredita que os preços mais baixos das commodities e a possível maior disponibilidade de produtos manufaturados fora dos EUA provavelmente reforçarão o efeito sobre o crescimento.
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Entretanto o banco reconhece que as mudanças em seu cenário de referência global e local reduzem o escopo e a magnitude desses impactos.
Nesse contexto, o JPMorgan revisou para cima sua projeção de inflação para 2026 no Brasil, de 3,2% para 3,6%, com o núcleo do IPCA encerrando o ano em torno de 3,9%.
O banco também manteve sua previsão de que a inflação ao consumidor encerrará 2025 em 5,5%, já que a atual taxa de câmbio mais baixa provavelmente compensará o maior crescimento do PIB no segundo semestre do ano.
Essa perspectiva é consistente com as expectativas de taxas de juros recentemente revisadas, que preveem cortes a partir de dezembro e uma taxa terminal de 10,75% ao ano até o fim de 2026.
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