Isenções em tarifas de Trump levam Ibovespa a alta de quase 1%; Embraer dispara 11%

Casa Branca divulgou longa lista de exceções a tarifas anunciadas no início do mês, que envolvem desde suco de laranja à peças de aeronaves, e isso aliviou tensões de investidores

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30 de Julho, 2025 | 06:12 PM

Bloomberg Línea — Após passar boa parte do pregão no negativo, o Ibovespa (IBOV) virou para alta nesta quarta-feira (30) após Donald Trump assinar um decreto impondo tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, mas isentar uma série de produtos.

O principal índice da B3 subiu 0,95%, aos 133.990 pontos.

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O dólar, por sua vez, perdeu força e subiu 0,38% contra o real, cotado a R$ 5,59 – na máxima do dia, a moeda encostou nos R$ 5,63.

Fechamento 30072025

Dois dias antes do prazo se encerrar, o presidente dos Estados Unidos adiou a implementação de tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras para o dia 6 de agosto.

O anúncio veio com uma longa lista de exceções às tarifas, que envolvem desde suco de laranja a peças de aeronaves.

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As ações da Embraer (EMBR3) foram as maiores beneficiadas com a virada no dia: os papéis subiram 10,93% e foram o maior destaque positivo do Ibovespa.

Entre as centenas de exceções de produtos que não estarão sujeitos às tarifas estão ainda petróleo e derivados, ferro-gusa, castanhas, madeiras, celulose e diferentes tipos de carvão.

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Investidores agora aguardam desdobramentos sobre as negociações entre os dois países. O decreto assinado na quarta-feira voltou a citar o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e mencionou uma suposta “ameaça do governo brasileiro” contra a segurança dos EUA.

O documento acusa ainda membros do governo brasileiro de “coagir, de forma tirânica e arbitrária, empresas americanas a censurar discursos políticos”. Ele cita nominalmente as decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) por “abuso de autoridade”.

Ainda nesta quarta-feira, o governo dos Estados Unidos aplicou a Lei Magnitsky contra Moraes. A legislação é usada para punir supostos violadores de direitos humanos no exterior e permite bloquear eventuais bens de pessoas nos EUA.

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Do lado brasileiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, em entrevista ao jornal The New York Times publicada nesta quarta-feira (30), que ele e autoridades do governo brasileiro haviam tentado contato com Trump e seus representantes.

O pregão foi também marcado pela Super Quarta, data de decisão de juros tanto nos EUA quanto no Brasil. Por lá, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) manteve a taxa de juros inalterada no intervalo entre 4,25% e 4,5% ao ano.

A decisão, que já era amplamente esperada pelo mercado, deve ampliar a pressão crescente de Trump sobre o banco central americano e, em particular, o chefe do Fed, Jerome Powell, pela redução dos juros.

“A taxa de desemprego continua baixa, e as condições do mercado de trabalho permanecem sólidas. A inflação continua um pouco elevada”, disse o Fed no comunicado. “A incerteza em relação às perspectivas econômicas continua elevada.”

A sinalização de que o Fed ainda não está pronto para cortar juros pesou sobre as bolsas americanas. O Dow Jones caiu 0,38% e o S&P 500 teve baixa de 0,12%. Já o Nasdaq subiu 0,15%.

Aqui no Brasil, a decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) será divulgada após o fechamento do mercado.

Com informações da Bloomberg News.

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