Ibovespa sobe na contramão de NY com Petz, Vale e Petrobras; dólar cai a R$ 5,20

Ações da varejista do mercado de animais de estimação dispararam 37,14% depois de acordo de fusão com a Cobasi; no exterior, queda de empresas de tecnologia pesa sobre o S&P 500 e o Nasdaq

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19 de Abril, 2024 | 06:15 PM

Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) destoou de índices de Nova York nesta sexta-feira (19) e fechou a sessão com alta de 0,75%, aos 125.124 pontos, recuperando parte das perdas dos últimos pregões. O dólar (USDBRL), por sua vez, recuou 0,86% e operava a R$ 5,20 no fechamento.

O avanço refletiu a alta de 37,14% dos papéis da Petz (PETZ3), que dispararam com a notícia de que a empresa assinou um acordo de fusão com a concorrente Cobasi. O acordo vai unir as duas maiores empresas do setor pet, em um novo grupo combinado com receitas de R$ 6,9 bilhões, Ebitda ajustado de R$ 464 milhões, 20 marcas e cerca de 480 lojas no país.

Outras ações de empresas ligadas ao consumo, ao varejo e ao setor de saúde também subiram, com destaque para CVC (CVCB3), Alpargatas (ALPA4), Rede D’Or (RDOR3) e Pão de Açúcar (PCAR3), que ficaram entre as maiores altas do dia.

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Os ganhos do Ibovespa também foram sustentados pela Petrobras (PETR3; PETR4) e pela Vale (VALE3), que estão entre os papéis de maior peso no índice. As ações da petroleira subiram com investidores repercutindo especulações de que a empresa pode voltar a pagar integralmente os dividendos extraordinários.

Já a Vale avançou refletindo a cotação do minério de ferro, que teve a segunda semana de alta diante do otimismo de que medidas de estímulo na China impulsionarão a demanda.

A cotação da matéria-prima já se recuperou 20% da mínima de 10 meses atingida no início de abril, em meio a promessas de ajuda econômica do governo, como a aceleração de emissões de títulos especiais ultralongos para financiar projetos em vários setores.

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Por outro lado, a Embraer (EMBR3) recuou depois de ganhos nos últimos dias, assim como as ações da ISA CTEEP (TRPL4), Azul (AZUL4), JBS (JBSS3) e Vibra (VBBR3), que ficaram entre as maiores baixas.

Já nos Estados Unidos, o S&P 500 e o Nasdaq caíram, afetados por um sell-off das ações das grandes empresas de tecnologia, antes do início da divulgação de balanços do setor na semana que vem. Com isso, o S&P 500 voltou a fechar abaixo da marca histórica de 5.000 pontos.

Investidores se questionam se as empresas vão conseguir corresponder às expectativas de lucros com o impulso da demanda por serviços e infraestrutura voltados para a inteligência artificial.

O setor de tecnologia sofreu uma forte pressão nesta semana depois que a Taiwan Semiconductor Manufacturing Co. (TSMC), uma das maiores fabricantes de chips sob encomenda do mundo, reduziu suas perspectivas para uma expansão do mercado de chips, e a ASML registrou pedidos abaixo do esperado.

Os temores em torno do grupo mais influente do mercado de ações — somado aos riscos geopolíticos, dados de inflação elevados e uma sequência de discursos hawkish do Fed — têm abalado o mercado.

O S&P 500 teve sua pior semana desde março de 2023 — acumulando uma queda de 5% desde que atingiu o recorde histórico. Após o início mais forte do índice em um ano desde 2019, os investidores têm ficado cada vez mais céticos sobre até onde o mercado pode ir a curto prazo, mesmo considerando a contínua força na economia.

Taxas de juros mais altas do que o esperado em meio à inflação persistente são percebidas como a maior ameaça à estabilidade financeira entre os participantes do mercado e observadores, de acordo com o Federal Reserve.

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“O risco de pressões inflacionárias persistentes levando a uma postura monetária mais restritiva do que o esperado permaneceu o risco mais frequentemente citado”, disse o Fed em seu Relatório de Estabilidade Financeira semestral publicado na sexta-feira.

Com a perspectiva de juros mais elevados, investidores têm retira dinheiro de ações, de acordo com estrategistas do Bank of America.

Uma equipe liderada por Michael Hartnett disse que boas notícias econômicas agora são más notícias para as ações, uma mudança de mentalidade do primeiro trimestre.

Os movimentos mais recentes encerram uma semana sombria para os mercados, depois que dados econômicos sólidos e discursos de membros do Federal Reserve mais hawkish reforçaram a especulação de que as taxas de juros nos EUA permanecerão mais altas por mais tempo.

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Membros do Fed têm falado nos últimos dias sobre o rumo esperado dos juros na maior economia do mundo. Enquanto John Williams, do Fed de Nova York, diz ver possível até mesmo um aumento de taxa, se justificado, seu colega de Atlanta, Raphael Bostic, não acha que será apropriado afrouxar a política monetária até o final de 2024.

Isso porque indicadores continuam a demonstrar a resiliência da economia americana, com pedidos de seguro-desemprego inferiores às expectativas na metade de abril e o índice de manufatura do Federal Reserve da Filadélfia atingindo o ápice dos últimos dois anos.

- Com informações da Bloomberg News.