Ibovespa recua e dólar sobe a R$ 5,15 após decisão dividida no Copom

Projeções de juros mais altos no Brasil pressionam ativos de risco nesta quinta-feira (9), após Banco Central adotar tom mais duro sobre a política monetária

Expectativa de uma Selic mais alta pressiona os ativos de risco nesta quinta-feira (9)
09 de Maio, 2024 | 10:21 AM

Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) recua nesta quinta-feira (9) enquanto o dólar avança, com os investidores repercutindo a decisão do Copom do dia anterior e um comunicado mais “hawkish” do Banco Central.

Embora o corte de 0,25 ponto percentual fosse esperado por grande parte do mercado, uma decisão dividida por placar apertado – de cinco votos a quatro – foi uma surpresa para muitos economistas e gestores.

A ala vitoriosa, capitaneada pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, e o diretor Diogo Guillen, se opôs aos membros do Copom indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como Gabriel Galípolo e Paulo Picchetti.

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A divergência também abriu margem para diferentes interpretações da postura do BC pelo mercado. A maioria viu o tom geral do comunicado como hawkish (isto é, favorável a juros mais altos), o que reflete o viés da maioria dos diretores.

A curva de juros deve ganhar inclinação nesta quinta-feira (9), com pressão maior nos juros futuros mais longos, de forma a refletir a divisão do comitê, de acordo com analistas. Além disso, pode ocorrer uma depreciação do real.

Por volta das 10h20 (horário de Brasília), o Ibovespa recuava 1,44%, aos 127.912pontos, enquanto o dólar subia 1,16%, a R$ 5,15. A sessão também era de queda para as açõe da Petrobras (PETR3; PETR4).

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Investidores aguardam agora os dados da inflação de abril medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) que serão divulgados amanhã (10).

As preocupações com uma maior pressão de preços também crescem em meio à tragédia no Rio Grande do Sul, cujos 425 dos seus 497 municípios têm algum relato de problema relacionado ao temporal. Cerca de 1,5 milhão de pessoas foram afetadas.

Na safra de balanços, o Banco do Brasil (BBAS3) apresentou uma queda no lucro e na rentabilidade nos primeiros três meses de 2024, na comparação com o quarto trimestre.

O balanço, divulgado na noite de ontem (8), revelou ainda o impacto negativo da exposição ao mercado argentino, após a forte desvalorização do peso em dezembro.

Entre janeiro e março, o banco mais antigo do Brasil, fundado em 1808, teve um lucro líquido ajustado de R$ 9,3 bilhões, uma queda de 1,5% no comparativo trimestral (R$ 9,4 bilhões no quarto trimestre), mas uma alta de 8,8% na base anual (R$ 8,5 bilhões no primeiro trimestre de 2023).

guidance (projeção) anunciado pelo banco é de um lucro líquido ajustado entre R$ 37 bilhões e R$ 40 bilhões em 2024.

Na agenda do dia, os pedidos iniciais de seguro-desemprego nos Estados Unidos subiram na semana passada para o maior nível desde agosto, em linha com sinais de uma desaceleração no mercado de trabalho americano.

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Os pedidos aumentaram em 22.000, totalizando 231.000 na semana encerrada em 4 de maio, de acordo com dados do Departamento do Trabalho divulgados nesta manhã. A previsão mediana em uma pesquisa da Bloomberg com economistas apontava para 212.000 solicitações.

-- Com informações da Bloomberg News

Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.