Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) recuou nesta quinta-feira (2), em um dia marcado pela volta da preocupação fiscal ao radar dos investidores, com a aprovação da isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5.000 por mês e discussões no governo sobre zerar a tarifa de ônibus nacionalmente.
O principal índice da B3 recuou 1,08%, aos 143.950 pontos – seu pior pregão desde o dia 19 de agosto, quando recuou 2,10%.
O dólar, por sua vez, registrou alta de 0,20%, cotado a R$ 5,34.

Na véspera, a Câmara aprovou por unanimidade a proposta do governo Lula que amplia a faixa de isenção do IR para quem ganha até R$ 5.000. O projeto agora segue para o Senado.
O aumento da faixa de isenção será compensado com uma taxa para os contribuintes que ganham acima de R$ 600.000 por ano. A proposta desagrada aos agentes de mercado que temem novas medidas com foco em fortalecer a imagem do presidente para as eleições de 2026 e que ameaçam o equilíbrio das contas públicas.
Uma delas é a proposta de zerar a tarifa de ônibus no Brasil. Segundo fontes ouvidas pelo Valor Econômico, a ideia estaria em estudo para entrar no programa de governo de Lula para a candidatura à reeleição em 2026.
As primeiras notícias sobre o assunto saíram há duas semanas, mas a agenda fraca no exterior devido ao ‘shutdown’ nos Estados Unidos abriu espaço para que as preocupações locais voltassem ao radar.
Nos Estados Unidos, a paralisação de serviços do governo entra em seu segundo dia, atrasando a divulgação do payroll, relatório de empregos não agrícolas que é um dos principais indicadores observados para formulação de política monetária.
Ainda assim, as reações na bolsa americana foram positivas. O S&P 500 e Dow Jones tiveram altas de 0,06% e 0,17%, respectivamente, enquanto o Nasdaq teve o maior ganho do dia, de 0,39%, alcançando um novo recorde intradiário.
No setor de tecnologia, os investidores deixaram a paralisação de lado no momento e estão otimistas com a retomada da euforia em torno da inteligência artificial.
A IA ganhou um reforço de tese após os funcionários da OpenAI venderem ações em um acordo que impulsionou substancialmente sua avaliação de mercado.
Funcionários atuais e antigos da OpenAI venderam cerca de US$ 6,6 bilhões em ações para investidores.
O resultado foi um valuation de US$ 500 bilhões, o que torna a empresa dona do ChatGPT a maior startup do mundo, em patamar acima da SpaceX de Elon Musk.
-- Com informações da Bloomberg News.
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