Ibovespa fecha em alta após dados de inflação nos EUA; Localiza cai 16,8%

Índice de Preços ao Consumidor de julho veio em linha com o esperado e reforçou a aposta de corte de juros do Fed; dólar avançou a R$ 5,47

After Hours
14 de Agosto, 2024 | 05:46 PM

Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) fechou em alta de 0,69%, aos 133.317 pontos, nesta quarta-feira (14), sob influência do sentimento de otimismo nos mercados internacionais depois da divulgação de novos dados de inflação dos EUA que sustentam a possibilidade de um corte de juros do Federal Reserve à frente.

O dólar (USDBRL) avançava 0,35% e operava a R$ 5,47 ao fim do pregão na B3.

Em julho, o núcleo do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, que desconsidera preços de itens mais voláteis como os de alimentos e energia, subiu 0,2% na comparação mensal, em linha com o esperado por economistas consultados pela Bloomberg, após alta de 0,1% em junho. Na base anual, o núcleo subiu 3,2%, também de acordo com o projetado. O número, no entanto, segue acima da meta de 2% perseguida pelo Fed.

Os números marcam o menor aumento trimestral na inflação subjacente desde o início de 2021, e ajudam a solidificar as projeções de que o Fed começará a cortar as taxas de juros em setembro, marcando o primeiro passo para flexibilizar a política monetária após o aperto mais agressivo desde o início da década de 1980.

PUBLICIDADE

Já o índice principal do CPI teve variação de 0,2% em julho, após variação negativa de 0,1% em junho; em 12 meses avançou 2,9%, abaixo do patamar de 3% pela primeira vez desde 2021. O consenso da Bloomberg apontava para altas de 0,2% e 3,0%, respectivamente.

“As reações do mercado foram tímidas após a divulgação, mas os números ajudam a manter a visão de que o ciclo de cortes vai mesmo iniciar em setembro. Por outro lado, não oferece informação relevante para ajudar nas projeções sobre a velocidade e extensão do afrouxamento monetário”, avalia Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, em nota.

Na agenda doméstica, o volume de vendas do comércio varejista do Brasil interrompeu uma sequência de cinco meses seguidos de alta e caiu 1,0% em junho ante maio. Já em comparação com junho de 2023 a alta foi de 4,0%.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as vendas mas fracas no segmento de hiper e supermercados puxaram o desempenho para baixo no mês. Expectativa de economistas consultados pela Bloomberg era de recuo de 0,2% na comparação mensal e de alta de 5,7% na base anual.

Entre os ativos, o Itaú Unibanco (ITUB4) subiu 2,72%, a R$ 36,49, e foi a principal contribuição positiva em uma sessão positiva para a maior parte dos grandes bancos. O Bradesco (BBDC4), o Banco do Brasil (BBAS3) e o Santander Brasil (SANB11) avançaram, enquanto o BTG Pactual (BPAC11) caiu após a divulgação do balanço do segundo trimestre nesta quarta-feira.

De abril e junho, o BTG Pactual acumulou R$ 6 bilhões em receitas, uma expansão anual de 10%, e lucro líquido ajustado de R$ 2,9 bilhões, aumento de 15% em 12 meses. A rentabilidade medida pelo ROAE ajustado (retorno sobre patrimônio líquido) recuou de 22,7% para 22,5% em 12 meses.

Com novas captações de R$ 56 bilhões, o banco liderado por André Esteves (presidente do conselho e principal acionista) e Roberto Sallouti (CEO) superou a marca de R$ 1,7 trilhão de ativos sob gestão, alta de 23% em 12 meses.

PUBLICIDADE

Destaque ainda para a JBS (JBSS3), que subiu 6,99%, a R$ 37,34, após a divulgação de resultados trimestrais acima das expectativas. A companhia registrou lucro líquido de R$ 1,72 bilhão no período, revertendo um prejuízo do mesmo período do ano passado. A forte recuperação das operações de frangos e suínos mais do compensou as dificuldades enfrentadas por sua gigantesca operação de carne bovina nos Estados Unidos.

Produtores de frangos e suínos têm reportado uma rápida recuperação dos lucros após a forte queda do ano passado. As empresas se beneficiam de uma oferta abundante de milho e soja, que reduz o custo de criação dos animais, e de uma maior demanda dos consumidores.

Também entre as principais contribuições positivas, a Petrobras (PETR3; PETR4) avançou. Os papéis preferenciais subiram 2,39%, a R$ 37,82. A Vale (VALE3), no entanto, recuou 1,00%, a R$ 56,00, com a queda do preço do minério de ferro no mercado internacional. Preocupações com a desaceleração na produção de aço em usinas chinesas levaram a cotação a cair abaixo de US$ 99 a tonelada em Singapura.

O destaque negativo foi a Localiza (RENT3) que afundou 16,84%, a R$ 40,00, depois de um resultado trimestral negativo. A empresa registrou prejuízo de R$ 570 milhões no segundo trimestre, ante uma expectativa de lucro de analistas do Itaú e do UBS BB. O desempenho negativo foi influenciado pelo aumento da depreciação dos veículos.

Estados Unidos

Em Nova York, os principais índices de ações tiveram ganhos depois da divulgação dos dados do CPI de julho. O S&P 500 teve o quinto dia consecutivo de ganhos, a maior sequência de altas em mais de um mês.

O CPI reforçou a tendência de desinflação e trouxe um certo alívio aos mercados que ainda se recuperavam após o colapso da semana passada. Combinado com um mercado de trabalho enfraquecendo, é amplamente esperado que o Fed comece a baixar as taxas no próximo mês, enquanto o tamanho do corte provavelmente será determinado pelos dados que ainda virão.

Os rendimentos dos títulos do Tesouro de 10 anos caíram um ponto-base, para 3,83%. Os contratos de juros futuros precificam 32 pontos-base de cortes pelo Fed em setembro.

Os traders ainda estão precificando pouco mais de 1 ponto percentual em reduções de taxas em 2024, com três reuniões de política do Fed restantes este ano. Nas últimas sessões, a precificação de mercado havia mostrado uma divisão sobre o resultado de 25 ou 50 pontos-base em cortes de taxas no próximo mês.

-- Com informações da Bloomberg News