Ibovespa cai puxado por Petrobras e Eletrobras, na contramão de Nova York

Recuo das ações das empresas pressionaram o Ibovespa nesta quinta-feira; no exterior, investidores se voltam para a divulgação de balanços de bancos nesta sexta

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Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) fechou em queda de 0,51%, aos 127.396 pontos nesta quinta-feira (11), destoando do avanço das ações em Nova York, enquanto investidores seguem avaliando os próximos passos da política monetária do Federal Reserve e os efeitos para os mercados. O dólar (USDBRL) operava estável com alta de 0,01% e era negociado a R$ 5,09 no fechamento.

No Brasil, a queda foi puxada principalmente pelo recuo das ações da Petrobras (PETR3; PETR4), que caíram com os preços do petróleo perdendo força no mercado internacional, e do Itaú Unibanco (ITUB4). Os papéis da Eletrobras (ELET3; ELET6) também puxaram o índice para baixo, influenciados pela queda dos preços de energia de longo prazo.

Por outro lado, as ações da Vale (VALE3) e da B3 (B3SA3) tiveram um dia de recuperação e evitaram uma perda mais ampla do índice.

Na agenda do dia, as vendas no varejo brasileiro surpreenderam ao mostrar avanço de 1% em fevereiro sobre janeiro, no maior patamar da série histórica. Na comparação anual, a alta foi de 8,2%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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Nos Estados Unidos, os mercados voltaram a subir depois do recuo na véspera, com ajuda dos papéis de empresas de tecnologia.

Depois da pressão causada pelos dados mais fortes de inflação do que o esperado, os investidores se voltam para a divulgação dos balanços dos bancos do primeiro trimestre, que são esperados para esta sexta-feira (12). JPMorgan Chase, Wells Fargo e Citigroup divulgam seus resultados trimestrais. A expectativa é de que a economia aquecida pode sustentar lucros maiores das empresas.

Ontem (10), dados de inflação acima do esperado nos EUA elevaram as preocupações de que o Federal Reserve possa adiar o início do ciclo de cortes, com a maior parte do mercado prevendo apenas duas reduções nas taxas este ano.

Economistas do Deutsche Bank (DB) e do Bank of America (BAC) reduziram as expectativas de cortes nas taxas de juros e agora preveem que o Federal Reserve só irá flexibilizar a política monetária uma vez neste ano, em dezembro.

A mudança representa uma forte redução nas previsões anteriores de ambas as empresas, que antes viam o início da flexibilização da política monetária pelo Federal Reserve a partir de junho.

O presidente do Fed de Nova York, John Williams, disse que o banco central fez “progressos tremendos” em direção a um melhor equilíbrio em suas metas de inflação e emprego, mas acrescentou que não há necessidade de cortar “no muito curto prazo”. Seu colega de Richmond, Thomas Barkin, disse que o banco central dos EUA ainda tem trabalho a fazer para conter as pressões de preços e pode levar seu tempo antes de cortar as taxas de juros.

Enquanto isso, a presidente do Fed de Boston, Susan Collins, disse que pode levar mais tempo do que se pensava anteriormente para ganhar confiança para começar a flexibilizar a política - possivelmente justificando menos reduções de taxa este ano.

Ainda na cena externa, o Banco Central Europeu (BCE) manteve as taxas de juros inalteradas pela quinta vez consecutiva nesta manhã, e enviou seu sinal mais claro até agora de que a desaceleração da inflação em breve poderá permitir o início dos cortes.

A taxa foi mantida em 4%, um recorde histórico, conforme previsto por uma pesquisa da Bloomberg, na qual apenas um dos 62 economistas previa uma redução.

Os membros do Conselho, contudo, acrescentaram trechos ao comunicado que acompanha a decisão sinalizando uma redução à frente, caso as previsões econômicas atualizadas em junho indiquem espaço suficiente.

- Com informações da Bloomberg News.