Ibovespa cai, e dólar sobe após secretário dos EUA cancelar reunião com Haddad

Investidores aguardam plano de contingenciamento para socorrer setores afetados pelas tarifas impostas por Donald Trump ao Brasil

After Hours
11 de Agosto, 2025 | 06:17 PM

Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) começou a semana em queda, com investidores de olho nos desdobramentos dos efeitos das tarifas dos Estados Unidos contra o Brasil.

O principal índice da B3 recuou 0,21%, aos 135.623 pontos.

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O dólar, por sua vez, subiu 0,14%, cotado a R$ 5,44.

Fechamento 11/08/2025

No âmbito das tarifas, pesou negativamente a notícia de que a reunião virtual entre o ministro da Fazenda Fernando Haddad e o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, foi cancelada.

A reunião pretendia debater as tarifas de 50% impostas pelo presidente americano, Donald Trump, sobre produtos brasileiros. Embora a lista de exceções chegue a quase 700 itens, produtos como carne e café continuam taxados.

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Em entrevista à Globo News, Haddad disse que a reunião foi cancelada devido à “militância antidiplomática das forças de extrema direita que atuam junto à Casa Branca”.

Filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro está nos Estados Unidos e tem articulado para que o governo americano pressione o Judiciário e o governo brasileiro em benefício do pai, atualmente em prisão domiciliar.

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O mercado aguarda ainda a divulgação do plano de contingenciamento anunciado pelo governo para socorrer setores afetados pelas tarifas de Trump.

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O plano de contingenciamento deve ser apresentado nesta terça-feira (12) segundo o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin.

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Nos Estados Unidos, os principais índices de ações fecharam em queda, com o S&P 500 recuando 0,25%.

O movimento de cautela ocorre antes da divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) dos EUA em julho, que sai nesta terça-feira (12).

O dado deve fornecer mais informações sobre as perspectivas de taxas do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), com temores de que a economia esteja oscilando à beira da estagflação.

“A inflação elevada pode atrasar os cortes de juros esperados, especialmente se o crescimento salarial e as pressões sobre os preços do setor de serviços persistirem”, disse Jay Woods, estrategista global da Freedom Capital Markets.

“Também pode fazer com que os discursos sobre recessão e estagflação se tornem mais fortes. Uma impressão em linha ou mais suave elevará o coro que pede um corte de juros mais iminente.”

Entre as ações, o foco ficou com a Nvidia (NVDA) e a Advanced Micro Devices (AMD), que concordaram em pagar 15% de suas receitas de vendas de chips para a China ao governo dos Estados Unidos como parte de um acordo com a administração Trump para garantir licenças de exportação.

A informação, adiantada pelo Financial Times, foi confirmada pela Bloomberg News.

A Nvidia planeja compartilhar 15% da receita das vendas de seu chip H20 na China e a AMD entregará a mesma parcela das receitas do MI308, acrescentou a pessoa, que pediu anonimato para discutir deliberações internas.

Os papéis da Nvidia tiveram queda de 0,37% enquanto os da AMD caíram 0,28%.

Beatriz Quesada

Jornalista especializada na cobertura econômica. Formada pela USP, escreve sobre mercados, negócios e setor imobiliário. Tem passagens por Exame, Capital Aberto e BandNews FM.