Ibovespa cai com tensão no Oriente Médio e recuo da Petrobras; dólar fecha a R$ 5,50

Ataque do Irã a uma base dos EUA no Catar foi visto como simbólico, o que levou à queda do preço do petróleo no mercado global, enquanto índices de ações em NY fecharam em alta

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23 de Junho, 2025 | 05:46 PM

Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) fechou em queda nesta segunda-feira (23), em sessão marcada pela reação dos investidores ao ataque do Irã a uma base dos EUA no Catar como ato contínuo da ofensiva americana no fim de semana.

O principal índice da B3 caiu 0,41% , aos 136.550 pontos.

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O dólar (USDBRL) caiu 0,40% e fechou cotado a R$ 5,50.

Em novo dia de tensão no Oriente Médio e de muita volatilidade, o preço do petróleo caiu globalmente. As ações preferenciais da Petrobras (PETR4) foram as mais negociadas na B3 e fecharam com um recuo de 2,50%.

Depois de registrar uma queda de 9% na sexta-feira (20), a Cosan (CSAN3) voltou a ter perdas, com recuo de 4,67%.

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Fechamento dos mercados nesta segunda-feira (23)

Em Wall Street, as ações subiram enquanto o preço do petróleo caiu após os ataques retaliatórios do Irã a uma base aérea americana no Catar. O bombardeio foi visto como simbólico e incapaz de desencadear um revide americano - e, portanto, uma repercussão econômica mais ampla. O dólar caiu globalmente.

O S&P 500 subiu quase 1%, também sob influência do ataque considerado comedido: o Catar interceptou os mísseis iranianos e não houve vítimas.

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O petróleo caiu abaixo de US$ 70, com a diminuição das preocupações de que o conflito interromperia o abastecimento do Oriente Médio.

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Segundo analistas, o ataque com mísseis do Irã a uma base aérea americana no Catar foi telegrafado com bastante antecedência, limitando o risco de uma escalada mais ampla após os ataques aéreos americanos no fim de semana.

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Uma resposta geopolítica controlada, por sua vez, pode reduzir a perspectiva de um choque mais amplo na cadeia de suprimentos.

“É possível que o Irã atire contra outras bases americanas na região nos próximos dias, mas tais ataques provavelmente não serão menos ‘roteirizados’ do que este, selando de fato uma postura iraniana de desescalar”, disse Jacob Funk Kirkegaard, da 22V Research.

“O ataque de hoje, portanto, deve servir para reduzir os prêmios de risco geopolítico global que afetam o comércio de petróleo bruto e gás na região do Golfo.”

O Oriente Médio é responsável por cerca de um terço da produção global de petróleo bruto e ainda não há sinais de interrupção nos fluxos físicos de petróleo, incluindo as cargas que passam pelo Estreito de Ormuz.

Desde o início dos ataques israelenses no início deste mês, há indícios de que os embarques de petróleo iraniano do Golfo aumentaram, em vez de diminuir.

Embora os ataques dos EUA às instalações nucleares do Irã estejam dominando as manchetes, as vendas em massa causadas por eventos geopolíticos tendem a ser breves, de acordo com estrategistas do Morgan Stanley.

“A história sugere que a maioria das vendas em massa lideradas por fatores geopolíticos são de curta duração/modestas”, escreveram estrategistas liderados por Michael Wilson em nota na segunda-feira.

“Os preços do petróleo determinarão se a volatilidade persistirá.”

-- Com informações da Bloomberg News

Filipe Serrano

É editor sênior da Bloomberg Línea Brasil e jornalista especializado na cobertura de macroeconomia, negócios, internacional e tecnologia. Foi editor de economia no jornal O Estado de S. Paulo, e editor na Exame e na revista INFO, da Editora Abril. Tem pós-graduação em Relações Internacionais pela FGV-SP, e graduação em Jornalismo pela PUC-SP.