Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) fechou em queda nesta quinta-feira (10), na medida em que investidores avaliaram e se posicionaram ante a escalada da tensão comercial entre Estados Unidos e Brasil após o presidente americano Donald Trump anunciar tarifas comerciais de 50% aos produtos brasileiros.
O principal índice da B3 recuou 0,54%, aos 136.743 pontos.
O dólar teve alta de 0,72%, cotado a R$ 5,54.

A maior baixa do dia foi a da ação da Embraer (EMBR3), que caiu 3,70%.
Para o BTG Pactual, a implementação da tarifa adicional seria “inevitavelmente má notícia para a Embraer, que também investe pesadamente na região dos EUA” – o país representa 60% das vendas totais da empresa, que tem jatos comerciais e jatos executivos entre seus principais produtos.
A queda no Ibovespa só não foi maior pela força das ações da Vale (VALE3), empresa com maior representação na carteira teórica do Ibovespa.
Os papéis da mineradora subiram 2,29% na esteira de uma alta de 3,67% do minério de ferro na bolsa de Dalian.
Reação do mercado
A reação de investidores aconteceu depois que Trump anunciou na tarde de quarta-feira (9) que vai impor uma tarifa de importação de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto de 2025 - acima da taxação de 10% previamente estipulada em abril.
O comunicado foi feito por meio de uma publicação na Truth Social, rede social criada por Trump.
O republicano também enviou uma carta aberta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, criticando o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, chamando o processo de “desgraça internacional”.
Trump também criticou decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que resultaram na remoção de publicações consideradas atentatórias à democracia.
Segundo Alberto Ramos, diretor de pesquisa macroeconômica para a América Latina do Goldman Sachs, a carta enviada ao Brasil “é a mais singular entre as que foram recentemente remetidas a diversos países”, justamente por começar com menção ao ex-presidente Jair Bolsonaro em vez de uma caracterização da dinâmica comercial entre os países.
A ameaça ocorre ainda após reunião dos Brics, cujos países membros já vinham sendo alvo de ataques de Trump. No início da semana, o presidente americano disse que aplicaria uma tarifa adicional de 10% a qualquer país que se alinhasse com “as políticas antiamericanas do Brics”.
-- Com informações da Bloomberg News.
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