Ibovespa cai 1,3%, e dólar avança a R$ 5,48 após declarações de Trump sobre o Brasil

Ameaça do presidente americano aos Brics aumenta tensão dos investidores; semana é marcada pelo encerramento do prazo extra para implementação das tarifas dos EUA

After Hours
07 de Julho, 2025 | 06:01 PM

Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) caiu nesta segunda-feria (7), após atingir pela primeira vez a marca dos 141.000 pontos no último pregão.

O principal índice da B3 recuou 1,26%, encerrando o dia aos 139.490 pontos

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O recuo do início de semana acompanhou as declarações do presidente americano, Donald Trump, sobre o Brasil e os Brics, bem como a insegurança no exterior sobre a política tarifária dos EUA.

Fechamento 07/07/2025

Na noite de domingo (6), Trump disse que aplicaria uma tarifa adicional de 10% a qualquer país que se alinhasse com “as políticas antiamericanas do Brics”.

“Qualquer país que se alinhe com as políticas antiamericanas dos Brics será cobrado com uma tarifa ADICIONAL de 10%”, disse Trump em um post no Truth Social. “Não haverá exceções a essa política”.

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A ameaça foi feita na semana em que está previsto o fim do prazo extra de 90 dias do grande pacote de tarifas unilaterais anunciado em abril. Até agora, apenas alguns países, como o Reino Unido, firmaram acordos com os EUA.

Investidores monitoraram ainda a troca de farpas entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que aumentaram o nível de insegurança.

A desavença começou quando o americano publicou comentários defendendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, que disse ser perseguido politicamente.

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Em resposta, Lula disse que Trump deveria cuidar da sua vida. “Este país tem lei, este país tem regra, este país tem um dono chamado povo brasileiro”, disse Lula durante uma entrevista coletiva na segunda-feira (7) no Rio de Janeiro. “Dê palpite na sua vida, e não na nossa”.

Leia também: Tarifas de Trump entrarão em vigor em 1º de agosto, diz secretário de Comércio

Em relação às tarifas, os principais parceiros comerciais dos EUA se apressaram no fim de semana para garantir acordos comerciais ou pressionar por mais tempo, enquanto o secretário do Tesouro, Scott Bessent, indicou que alguns países que não chegarem a um acordo até o prazo de quarta-feira (9) terão a opção de uma extensão de três semanas para negociar.

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Bessent disse à CNBC na segunda-feira que espera se reunir com seu homólogo chinês nas próximas semanas para avançar nas discussões sobre comércio e outras questões entre as duas maiores economias do mundo.

O clima de aversão global a risco favoreceu o dólar, que subiu 0,99% contra o real, cotado a R$ 5,48.

Na bolsa brasileira, apenas 13 das 84 ações do Ibovespa operam em alta.

Os maiores ganhos foram da BRF (BRFS3), cujas ações avançaram 9,37% com apreciação do dólar e queda dos preços do milho diante das ameaças de Trump aos Brics. Na lanterna, os papéis da Engie (EGIE3) caíram 6,33%.

-- Com informações da Bloomberg News.

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Beatriz Quesada

Jornalista especializada na cobertura econômica. Formada pela USP, escreve sobre mercados, negócios e setor imobiliário. Tem passagens por Exame, Capital Aberto e BandNews FM.