Bloomberg Línea — Os títulos latino-americanos têm tido um desempenho em geral positivo, situação que se reflete no Emerging Markets Bond Index Plus (EMBI), mais conhecido como o risco-país da região. O EMBI médio da América Latina começou o ano em 427 pontos e, no fechamento de 31 de julho, estava em 377, uma queda de 11,7%.
De fato, há apenas dois países na América Latina onde o risco-país não caiu nos primeiros sete meses do ano: Argentina e El Salvador.
Os títulos argentinos foram os grandes vencedores globais em 2024, pois deixaram os investidores com ganhos, mas este ano eles esperam um impulso que lhes permita manter a dinâmica. As eleições legislativas de 26 de outubro de 2025 são uma oportunidade para um novo salto nos preços.
As quedas mais notáveis foram registradas pela Bolívia e pelo Equador, que, no entanto, são o segundo e o terceiro países com o pior EMBI da América Latina:
No caso da Bolívia, o risco-país havia iniciado o ano em 2.087, enquanto no final de julho era de 1.469. Qual o motivo dessa compressão? O trade eleitoral: os investidores apostam que as eleições presidenciais de 17 de agosto de 2025 verão uma mudança favorável ao mercado.
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No Equador, o risco-país era de 1.200 pontos no final de 2025 e agora está em 787, após ter ultrapassado 1.900 em alguns momentos ao longo do ano. A volatilidade foi impulsionada pelos temores do mercado de que o governo Correa retornaria ao poder, liderado por Luisa González. Após a vitória de Daniel Noboa, que levou à sua reeleição como presidente, os instrumentos soberanos iniciaram uma alta.
Uma melhora também foi observada nas duas maiores economias da região: no Brasil, o índice de risco-país iniciou 2025 em 246, enquanto fechou julho em 204. No México, o indicador subiu de 319 para 256.
Os títulos mais seguros da região continuam sendo os do Uruguai (78 pontos de risco-país) e do Chile (107), enquanto os piores são os da Venezuela, que tem um EMBI de 19.002 pontos.
A Argentina, o Equador e a Bolívia não estão nem perto dos níveis da Venezuela, mas têm um nível de rendimento que os impossibilita de ir ao mercado para refinanciar a dívida.
Como o EMBI se movimentou em 2025, país por país
Foi assim que o EMBI da América Latina mudou de 31 de dezembro de 2024 para 31 de julho de 2025:
- Venezuela: diminuiu de 23.773 para 19.002
- Bolívia: diminuiu de 2.087 para 1.469
- Equador: diminuiu de 1.200 para 787
- Argentina: aumentou de 635 para 730
- El Salvador: aumentou de 388 para 418
- Honduras: diminuiu de 377 para 313
- Colômbia: diminuiu de 330 para 306
- México: diminuiu de 319 para 256
- Panamá: diminuiu de 303 para 231
- Brasil: diminuiu de 246 para 204
- República Dominicana: diminuiu de 206 para 196
- Costa Rica: diminuiu de 198 para 192
- Guatemala: diminuiu de 203 para 178
- Paraguai: diminuiu de 161 para 142
- Peru: diminuiu de 157 para 140
- Chile: caiu de 117 para 107
- Uruguai: caiu de 84 para 78
o que é EMBI?
O EMBI é um índice desenvolvido pelo banco JPMorgan e mede o risco-país das economias emergentes. Ele é usado como referência para saber quanto mais os governos desses países têm de pagar para tomar empréstimos em comparação com os Estados Unidos, que é considerado um emissor sem risco. É uma ferramenta fundamental para os investidores que avaliam o retorno e o risco dos títulos soberanos na América Latina, Ásia, Europa Oriental e África.
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O índice é construído a partir de uma cesta de títulos soberanos emitidos em moeda estrangeira, principalmente em dólares, por países emergentes. Cada país tem seu próprio valor de EMBI, que reflete a diferença (ou spread) entre o rendimento de seus títulos e o dos títulos do Tesouro dos EUA com vencimento semelhante. Por exemplo, se um título argentino de 10 anos rende 8% e o título do Tesouro dos EUA com o mesmo vencimento rende 4%, o EMBI para esse instrumento seria de 400 pontos-base (4 pontos percentuais).
Em termos gerais, o EMBI capta a percepção dos mercados sobre o risco de crédito de um país: quanto mais alto o valor, maior o risco de inadimplência ou de instabilidade macroeconômica. As alterações no EMBI podem refletir fatores locais (como política fiscal, inflação ou crises políticas) e condições externas (aumento das taxas dos EUA, apetite global por risco etc.).