Dos discursos do Fed ao conflito no Oriente Médio: os eventos que movem os mercados

Mercados repercutem tom mais ameno de alguns dirigentes do Fed; foco de hoje recai sobre novos discursos de banqueiros centrais e no conflito entre Israel e o Hamas, que entra em seu quarto dia

Estes são os eventos que orientam os investidores e movem os mercados hoje
10 de Outubro, 2023 | 06:23 AM

Barcelona, Espanha — A tensão nos mercados ontem foi amenizada por membros do Federal Reserve (Fed), e os efeitos parecem ecoar na sessão de hoje. Mas o vaivém dos mercados também dependerá do desenlace do conflito entre Israel e o grupo militante Hamas, que entrou em seu quarto dia e até o momento provocou 1.500 mortes. Durante a noite, Israel atacou a Faixa de Gaza e, para a próxima fase de sua retaliação, constrói uma base para acomodar milhares de soldados.

🕊️ Um tom mais ameno. O vice-presidente do Fed, Philip Jefferson, disse ontem que os responsáveis pelas decisões de política monetária poderiam “proceder com cuidado” após o recente aumento nos prêmios de risco do Tesouro. Já a dirigente do Fed de Dallas, Lorie Logan, afirmou que a alta das taxas de longo prazo pode significar uma menor necessidade de novos apertos. Hoje, estão previstos discursos de outros membros do Fed, o que pode ajudar os investidores a compor o cenário para o custo do dinheiro. Também se pronuncia a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde.

🍷 Da água para o vinho. Este discurso mais brando de membros do Fed mudou totalmente o apetite do mercado por risco. No final da semana passada, ante um inesperado aumento do emprego nos EUA em setembro, as apostas eram no sentido de novas altas dos juros. A narrativa mudou, pelo menos por ora. Os prêmios do título soberano de dois anos, mais sensível à política monetária, recuavam esta amanhã, evidenciando as apostas de que o Fed se mantenha moderado.

🫠 A persistência da inflação. O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou sua previsão de inflação global para o próximo ano e pediu aos bancos centrais que mantenham as políticas rígidas até que haja uma diminuição duradoura das pressões sobre os preços. O FMI subiu para 5,8% sua projeção para o ritmo de alta dos preços ao consumidor em todo o mundo no próximo ano, frente aos 5,2% projetados há três meses. O pedido de vigilância no relatório World Economic Outlook, divulgado hoje (10), ocorre no momento em que o FMI também reduz a previsão de crescimento econômico para 2024.

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🪖 Novo risco ao mercado. Mas nem só de microeconomia vive o mercado. A geopolítica joga um papel relevante e todos estarão atentos ao desenrolar dos fatos no Oriente Médio depois do ataque do Hamas a Israel. O Financial Times informou que um importante general dos EUA advertiu o Irã a “não se envolver” no conflito, que ocorre em um momento de moderação do crescimento econômico global e dificuldades de controle da inflação.

📈 O vaivém dos ativos. Os contratos futuros de índices dos EUA subiam. Mesmo movimento, só que com mais força, se via entre as bolsas da Europa. Na Ásia, predominou a alta. Em outros mercados, o prêmio de risco do título de 10 anos dos EUA, em baixa, era de 4,66%. O ouro subia, os contratos de petróleo bruto WTI mudavam de rumo e migravam para o campo negativo, com muita moderação. O dólar perdia valor frente ao euro, à libra esterlina e ao iene.

(Com informações de Bloomberg News)

Os mercados esta manhã

🟢 As bolsas ontem (09/10): Dow Jones Industrials (+0,59%), S&P 500 (+0,63%), Nasdaq Composite (+0,39%), Stoxx 600 (-0,26%), Ibovespa (+0,86%)

Apesar da tensão pelo conflito em Israel, os mercados acionários se fortaleceram graças às declarações de duas autoridades do Fed, que reforçaram as apostas de que o banco central se absterá de aumentar as taxas este ano. Os preços do petróleo subiram com força após o ataque do Hamas a Israel, aumentando os temores de um conflito mais amplo. O WTI para novembro terminou em US$ 86,38 por barril em Nova York, enquanto o Brent para dezembro fechou cotado a US$ 88,30

Saiba mais sobre o vaivém dos Mercados e se inscreva no After Hours, a newsletter vespertina da Bloomberg Línea com o resumo do fechamento dos mercados.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: Reuniões do FMI; Otimismo entre Pequenas Empresas NFIB/Set; Índice Redbook/Anual; Vendas e Estoques no Atacado/Ago; Expectativas de Inflação ao Consumidor)

Europa: Portugal (Balança Comercial/Ago); Reino Unido (Produtividade de Mão de Obra/2T23)

Ásia: Japão (Índice Economy Watchers/Set)

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Bancos centrais: Ata da Reunião do BoE; Pronunciamentos de Burkhard Balz (Bundesbank), Neel Kashkari, Raphael Bostic, Mary Daly e Christopher Waller (Fed) e de Christine Lagarde (presidente do BCE)

🗓️ Os eventos de destaque na semana →

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Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.