Citi vê oportunidade adicional para carry trade com moedas emergentes

Estrategista-chefe do Citi para mercados emergentes, Luis Costa, diz à Bloomberg News que as perspectivas se tornarão mais difíceis no segundo semestre do próximo ano; índice de carry trade para moedas emergentes atingiu o maior patamar desde 2017

O carry return do real brasileiro superou o desempenho de seus pares, e registrou um ganho de mais de 20% em relação ao dólar este ano. (Foto: Michael Nagle/Bloomberg)
Por Kerim Karakaya
20 de Agosto, 2025 | 08:28 AM

Bloomberg — A compra de moedas de mercados emergentes em relação ao dólar este ano proporcionou alguns dos retornos mais atraentes da década e, de acordo com o estrategista-chefe do Citi, a negociação ainda tem mais a ganhar - pelo menos no curto prazo.

Uma postura mais pró-ativa e dovish do Federal Reserve, combinada com a cautela dos bancos centrais dos mercados emergentes, deve continuar a impulsionar as moedas dos países em desenvolvimento em relação ao dólar, disse Luis Costa, estrategista-chefe de mercados emergentes do Citi, em entrevista à Bloomberg News.

PUBLICIDADE

Um índice da Bloomberg que mede os retornos do carry trade de oito mercados emergentes, financiado por posições vendidas em dólar, subiu mais de 10% este ano e agora está a caminho do maior ganho anual desde 2017.

Leia também: Citi prevê antecipação de emissão de dívida externa pré-eleição, diz CEO no Brasil

O carry trade é uma estratégia que envolve a tomada de empréstimos em países com taxas de juros baixas para investir em ativos e moedas de maior rendimento.

PUBLICIDADE
(Fonte: Bloomberg)

“A postura média dos bancos centrais dos ME [mercados emergentes] também é muito cautelosa - praticamente neutra em muitas jurisdições - o que continua a sugerir a sustentabilidade das taxas de juros reais”, disse Costa.

Também é importante levar em conta as expectativas implícitas no mercado de um Fed potencialmente ainda mais “dovish” em 2026. Juntando tudo isso, a combinação ainda apoia um dólar bem comportado, apesar do renovado apetite dos investidores internacionais pelas ações dos EUA."

O Bloomberg Dollar Spot Index caiu 7,8% este ano, já que as tarifas dos EUA e sua implementação alimentaram dúvidas sobre a estabilidade da moeda de reserva mundial.

PUBLICIDADE

Leia também: Citi prevê antecipação de emissão de dívida externa pré-eleição, diz CEO no Brasil

No entanto, alguns investidores e economistas - incluindo estrategistas do HSBC Holdings - disseram que a venda implacável do dólar parece cada vez mais uma “bolha” prestes a estourar, e sugerem que o ‘fundo do poço’ do dólar pode estar próximo.

Perspectivas para o real

O carry return do real brasileiro superou o desempenho de seus pares, e registrou um ganho de mais de 20% em relação ao dólar este ano.

PUBLICIDADE

Costa disse que o Citi continua otimista em relação à moeda, com os mercados ainda precificando a postura cautelosa do banco central.

Ainda assim, ele alertou que as perspectivas se tornarão mais difíceis no segundo semestre do próximo ano.

As condições financeiras e a política fiscal frouxas podem levar a economia dos EUA de um soft landing para um território de recuperação e de um novo aumento da inflação, disse ele.

“Nesse cenário potencial - marcado por uma curva de rendimentos mais acentuada nos EUA e um dólar mais firme - os ativos internacionais, incluindo os mercados emergentes, podem ter um desempenho muito mais difícil”, disse Costa.

No mês passado, os estrategistas do Citi também recomendaram a compra da lira turca em relação ao dólar por meio de contratos a termo de 3 meses.

Veja mais em bloomberg.com

Leia também

Digitalização financeira no Brasil e em LatAm dá impulso ao Citi, diz CEO para região