Bloomberg — O Citi prevê que as emissões de dívida no exterior por empresas brasileiras mantenham o ritmo no segundo semestre deste ano, disse Marcelo Marangon, presidente do banco no Brasil, enquanto emissores tentam atrair investidores antes das eleições presidenciais no ano que vem.
“Nós vamos continuar vendo emissões no mercado internacional”, disse Marangon, em entrevista à Bloomberg News. “É sempre uma tendência dos investidores antecipar emissões internacionais em ano de eleições”, afirmou.
Ele espera que as emissões de dívida local sigam em um ritmo mais lento e prevê pouca atividade no mercado de ações, devido às taxas de juros de dois dígitos no país.
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Morgan Stanley estima que os emissores brasileiros provavelmente venderão um recorde de US$ 30 bilhões em títulos no exterior este ano, já que os mercados internacionais de dívida permanecem abertos.
Para o Citi, o maior banco americano no país em ativos, isso ajudaria a impulsionar os lucros da unidade brasileira, segundo Marangon.
O lucro líquido do banco no Brasil atingiu recorde de R$ 1,29 bilhão no primeiro semestre do ano, um aumento de 45% em relação ao mesmo período do ano anterior, impulsionado principalmente por serviços bancários, afirmou Marangon. O Brasil está entre os cinco maiores mercados do grupo.
“Tivemos uma demanda menor por crédito e também uma demanda menor por ‘business episódico’, como transações”, disse ele.

A carteira de crédito do banco permaneceu estável em relação ao mesmo período do ano anterior, em R$ 49 bilhões de ativos.
O banco está menos propenso a fazer negócios com clientes novos este ano, em meio às altas taxas de juros e à incerteza econômica, e está se concentrando em aprofundar seus negócios com clientes já existentes.
Por outro lado, Marangon disse que há potencial para mais fusões e aquisições no segundo semestre do ano.
“Estamos vendo algumas discussões no setor elétrico, ativos mudando de mãos e grupos estrangeiros monetizando participações que têm no Brasil”.
O CEO disse que as tarifas impostas pelo presidente americano Donald Trump aos produtos brasileiros não devem ter um efeito material no portfólio do Citi, e acrescentou que, na economia, o impacto tende a ser também pequeno.
“Em comércio exterior, não vemos nenhuma preocupação no portfólio atual neste momento”, afirmou ele.
No primeiro semestre, os ativos totais do Citi no Brasil caíram 11% em relação ao mesmo período do ano anterior, para R$ 189 bilhões, devido às alterações de critérios contábeis trazidas pela Resolução CMN 4.966/2021 do Banco Central, aplicáveis às operações de câmbio a partir de janeiro deste ano.
A margem financeira do banco foi de R$ 3,1 bilhões, valor que, segundo Marangon, não pode ser comparado ao ano passado devido às novas regras.
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Nos próximos três anos, o Citi planeja expandir seus negócios no Brasil a um ritmo anual de dois dígitos, disse o CEO, sem fornecer números específicos.
Os esforços de reestruturação global do Citi, implementados no ano passado, tiveram um impacto de R$ 700 milhões na unidade brasileira em 2024.
Esse valor será maior este ano, à medida que o processo avança. A unidade brasileira do banco empregava em junho cerca de 2.100 pessoas, em linha com o ano anterior.
Para o Citi, o crescimento de dois dígitos vai exigir que a unidade brasileira retenha lucros, segundo Marangon, embora não esteja claro se essa retenção ocorrerá neste ano ou no próximo.
“Se quisermos crescer dois dígitos todo ano, nos próximos três anos, nós vamos precisar de mais capital para o Brasil”, afirmou o executivo.
“O quanto, vai depender da intensidade do crescimento do crédito”.
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