Bloomberg — O Citigroup confiou à BlackRock US$ 80 bilhões em investimentos de clientes em um movimento que encerrará o único gestor de ativos interno remanescente do banco e terceirizará mais parte das ofertas da unidade de gestão de fortunas.
Em uma nova parceria, a BlackRock administrará os ativos de milhares dos clientes mais ricos do banco que atualmente têm contas na Citi Investment Management, informaram as empresas nesta quinta-feira (4).
A BlackRock, que já gerencia parte dos US$ 635 bilhões em investimentos de clientes do Citigroup, assumirá os últimos US$ 80 bilhões que o banco ainda supervisionava sozinho.
“Não estamos em posição de pegar essa plataforma e dobrar de tamanho sozinhos — não em uma posição tão forte quanto estaremos trabalhando com a BlackRock”, disse Andy Sieg, chefe da unidade de gestão de fortunas do Citigroup, em entrevista na sede da Bloomberg em Nova York.
“Temos o banco mais global do mundo trabalhando com o maior gestor de ativos do mundo para fazer isso acontecer.”
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Embora o Citi Investment Management, parte da unidade de fortunas do banco, permaneça, as últimas operações proprietárias de gestão de ativos da companhia e alguns de seus gestores de portfólio, liderados por Robert Jasminski, serão transferidos para a BlackRock.
Menos de 100 funcionários do Citigroup farão essa transição, segundo o porta-voz do banco Mark Costiglio.
Como parte do acordo, a BlackRock receberá taxas de administração, enquanto o Citigroup continuará com as taxas de assessoria aos clientes, que serão notificados sobre as mudanças nos próximos meses. O novo arranjo deve ser concluído até o fim do ano.
O plano marca um passo importante para simplificar a unidade de gestão de fortunas do Citigroup, que agora foca nos clientes de alta renda massiva e busca competir em um setor saturado para conquistar uma fatia maior do patrimônio de indivíduos ricos.
Esse é um dos principais objetivos da CEO Jane Fraser, que já liderou o banco privado do Citigroup e está conduzindo um plano plurianual para aumentar a rentabilidade.
Nos últimos anos, bancos e firmas de private equity têm explorado parcerias com gestoras de ativos para ampliar seu alcance no mercado de fortunas.
Mais cedo nesta quinta-feira, o Goldman Sachs anunciou que investirá até US$ 1 bilhão na T. Rowe Price, à medida que as duas empresas se unem para vender produtos de mercado privado a mais investidores de varejo. O anúncio fez as ações da T. Rowe dispararem.
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Os ativos da Citigroup Investment Management pertencem a clientes da unidade Wealth at Work do banco, que atende empresas de serviços profissionais e seus funcionários, além do banco privado.
Cerca de metade dos ativos é de clientes fora dos EUA e permanecerá sob custódia do banco, enquanto será administrada pela BlackRock.
“Este é um momento que define o setor”, disse Jaime Magyera, chefe de fortunas dos EUA na BlackRock.
“À medida que as empresas de gestão de fortunas crescem, elas precisam ganhar escala, precisam se associar a firmas que possam oferecer as capacidades necessárias em todo o espectro de investimentos e também em tecnologia.”
Aliança em fortunas
Os produtos terceirizados eventualmente estarão disponíveis para clientes do Citigold, uma plataforma de investimentos para clientes de alta renda que não atingem os limites de patrimônio exigidos pelo banco privado, segundo Keith Glenfield, chefe de soluções de investimento da Citi Wealth.
O banco privado do Citigroup é um dos poucos com alcance global suficiente para oferecer suporte a clientes de gestão de ativos internacionalmente por meio de seus banqueiros, disse Rob Fairbairn, vice-presidente da BlackRock.
“Essa é uma parte crítica disso.”
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As empresas disseram que o acordo abre caminho para que a BlackRock administre ativos de mercados privados no futuro para clientes de fortunas do Citi, além de ações e títulos.
No último ano, a BlackRock gastou cerca de US$ 25 bilhões para adquirir a Global Infrastructure Partners e a gestora de crédito privado HPS Investment Partners.
Mais cedo este ano, a companhia estabeleceu a meta de levantar US$ 400 bilhões em fundos privados até 2030.
As ações do Citigroup subiram 1,4% às 9h52 no pregão de Nova York nesta quinta-feira. As da BlackRock avançaram 0,4%.
Desde que entrou no Citigroup em 2023, Sieg supervisionou amplos cortes de empregos na unidade de fortunas e focou no crescimento dos fluxos de investimentos de clientes.
Ele também vendeu o negócio de administração de trusts da unidade e a plataforma de fundos de mercados privados, em um esforço para simplificar a divisão.
Aos 58 anos, Sieg também enfrentou obstáculos, incluindo acusações de intimidar colegas, o que levou a uma investigação conduzida pelo escritório de advocacia Paul Weiss, conforme a Bloomberg informou em agosto.
O banco se recusou a comentar o resultado, mas elogiou Sieg por construir “uma franquia sólida e focada no cliente, que está entregando crescimento de receita e melhores retornos.”
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