Brasil volta ao mercado global de dívida e capta no maior ritmo desde 2014

País recorre a investidores internacionais pela terceira vez em 2025; ativos se valorizam junto com ganhos nos mercados em desenvolvimento, sob impulso da incerteza política dos EUA e a busca por oportunidades em outras regiões

Brazil Fights Cratering Real With Two Dollar Auctions In A Day
Por Vinícius Andrade - Giovanna Bellotti Azevedo - Martha Beck
02 de Setembro, 2025 | 01:01 PM

Bloomberg — O governo brasileiro está recorrendo a investidores internacionais de dívida pela terceira vez em 2025 — seu ano mais movimentado para vendas de títulos soberanos em mais de uma década —, à medida que os emissores retornam aos mercados globais de crédito.

A maior economia da América Latina está reabrindo notas em dólar com vencimento em 2030 e busca vender novos títulos com vencimento em 2056, de acordo com um prospecto preliminar.

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As conversas iniciais de precificação apontam para um rendimento em torno de 5,45% e 7,75%, respectivamente, disseram fontes familiarizadas com o assunto ouvidas pela Bloomberg News, que pediram anonimato porque o assunto é privado.

A expectativa é que a precificação da operação ocorra ainda nesta terça-feira (2), afirmaram as pessoas.

A dívida de 2030 foi emitida inicialmente em junho, quando o país fez sua última venda de títulos de dívida em dólar. O país também emitiu notas globais em fevereiro, levantando um total de US$ 5,25 bilhões nas duas operações.

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A última vez que o Brasil vendeu títulos globais de dívida três vezes por ano foi em 2014, segundo dados do Tesouro.

“A lógica deve ser estender a duração enquanto os investidores estão interessados em mercados emergentes e pré-financiamento até 2026”, disse Anders Faegermann, gestor sênior na Pinebridge Investments, em Londres.

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Setembro deve ser um mês movimentado para as vendas globais de títulos de dívida, com o retorno dos executivos do feriado do Dia do Trabalho nos Estados Unidos e a recuperação da liquidez após a calmaria do verão no hemisfério Norte.

A Arábia Saudita abriu o calendário das emissões soberanas nesta terça-feira com papéis sukuk, enquanto a produtora brasileira de celulose Suzano e a mineradora de cobre Antofagasta também estão oferecendo nova dívida.

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O Bank of America, o Itaú BBA e o JPMorgan estão coordenando a nova emissão no Brasil, de acordo com o prospecto.

Os ativos brasileiros tiveram valorização neste ano, acompanhando os ganhos nos mercados em desenvolvimento, à medida que a incerteza política dos EUA força os investidores a buscar oportunidades em outras regiões.

O Brasil vai realizar eleições presidenciais no próximo ano, com os investidores atentos para ver quem desafiará o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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