Bloomberg — A recuperação das ações globais estimulada por um corte na taxa de juros dos EUA e pela perspectiva econômica otimista do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, foi desfeita depois que a Oracle reacendeu as preocupações sobre os gastos ligados à inteligência artificial.
Os futuros do Nasdaq 100 caíram mais de 1% e os contratos do S&P 500 caíram 0,9%. Um indicador de ações asiáticas apagou os ganhos anteriores, enquanto o Stoxx 600 da Europa caiu.
A Oracle, vista como um termômetro do boom de investimentos em IA, caiu mais de 10% em negociações estendidas nos EUA, depois que as vendas de nuvem não atingiram as estimativas e a empresa elevou sua perspectiva de gastos de capital para 2026 em US$ 15 bilhões, para US$ 50 bilhões.
Em um sinal de diminuição do apetite pelo risco, o bitcoin caiu mais de 2% ao se aproximar de US$ 90.000.
“Os mercados se tornaram muito mais cautelosos com os gastos relacionados à IA, o que é um forte contraste com meados de 2025, quando qualquer coisa que sugerisse um capex mais alto gerava entusiasmo”, disse Susana Cruz, estrategista da Panmure Liberum.
“A Oracle tem sido o elo mais fraco em tudo isso, em grande parte porque está financiando uma grande parte de seu investimento com dívidas.”
Os movimentos se seguiram a um ganho de 0,7% no S&P 500 na quarta-feira, deixando-o bem próximo de um recorde.
Embora o corte do Fed tenha gerado três dissidências, os investidores se confortaram com o fato de os formuladores de políticas terem deixado a porta aberta para mais flexibilização no próximo ano.
Os traders mantiveram suas apostas em dois cortes de um quarto de ponto em 2026, mesmo que as novas projeções do Fed tenham sinalizado apenas uma dessas medidas.
A ação dos preços sugere que o tema IA continua sendo um fator importante para o sentimento do mercado acionário.
Impulsionado pela recuperação do setor, o índice de ações globais da MSCI subiu cerca de 20% este ano e está a caminho de seu melhor avanço desde 2019.
Os títulos do Tesouro dos EUA se recuperaram depois que a redução de um quarto de ponto na taxa do Fed foi acompanhada pela autorização de novas compras de títulos do Tesouro para recompor as reservas bancárias.
O rendimento de 10 anos, que caiu cerca de quatro pontos-base na sessão anterior, ficou um ponto-base abaixo na quinta-feira. As quedas interromperam um aumento nos rendimentos que havia levado um indicador global ao seu ponto mais alto desde 2009.
Powell insistiu no corte, apesar das objeções de um grupo ainda maior de presidentes regionais do Fed que participaram do debate, mas não estavam na lista de votação deste ano.
As fraturas podem ser um prenúncio do que está por vir em 2026, quando um novo presidente poderá ter ainda mais dificuldades do que Powell para reunir consenso.
“Podemos ver alguns mercados bastante agitados nas próximas sessões, à medida que investidores digerem o que Jerome Powell disse”, disse Nick Twidale, analista-chefe da AT Global Markets em Sydney.
Powell sugeriu que o Fed já havia agido o suficiente para ajudar a estabilizar o mercado de trabalho, ao mesmo tempo em que deixava as taxas suficientemente altas para continuar a influenciar as pressões sobre os preços.
Ele também ressaltou a importância dos próximos relatórios econômicos, ao mesmo tempo em que aconselhou cautela na avaliação das leituras de empregos domésticos, dadas as distorções técnicas após a paralisação do governo ter causado um apagão de dados.
“O corte ‘hawkish-but-bullish’ do Fed na noite passada reforça isso: crescimento mais forte em 2026, desinflação mais rápida”, disse Florian Ielpo, chefe de macro da Lombard Odier Investment Managers. “Os cortes continuam, mas não são mais automáticos - e isso geralmente é um cenário construtivo para as ações.”
Veja a seguir outros destaques desta manhã de quinta-feira (11 de dezembro):
- Avanço de big techs na Índia. A Amazon e a Microsoft intensificaram sua investida no país com um total de US$ 52 bilhões em novos investimentos, no que ressalta o status crescente do país como um mercado de crescimento fundamental para inteligência artificial, serviços em nuvem e varejo on-line.
- Fink e o futuro da Ucrânia. O CEO da BlackRock, Larry Fink, passou a participar das negociações com o governo Trump sobre a reconstrução da Ucrânia. Ele havia se juntado ao secretário do Tesouro, Scott Bessent, e a Jared Kushner para discutir o futuro da economia do país após a guerra.
- Efeito Ozempic perde fôlego. Resultados decepcionantes de ensaios clínicos, avisos de lucro abaixo do previsto e intensa concorrência no mercado levaram ações da Novo Nordisk a registrar recuo de mais de 50% neste ano, o que praticamente apagou o avanço gerado por medicamentos para perda de peso.
🔘 As bolsas na quarta-feira (10/12): Dow Jones Industrials (+1,05%), S&P 500 (+0,67%), Nasdaq Composite (+0,33%), Stoxx 600 (+0,07%), Ibovespa (+0,69%)
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-- Com informações da Bloomberg News.
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