BofA prevê cortes ‘significativos’ das taxas de juros no Brasil, Colômbia e México

No Brasil, a taxa de juros cairia de 15% para 11,25%, segundo projeção dos analistas do Bank of America

A Bank of America branch in New York.
23 de Agosto, 2025 | 04:08 PM

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Bloomberg Línea — Algumas das principais economias da América Latina devem começar a mudar a política monetária, o que abre caminho para encerrar o próximo ano com juros bem mais baixos do patamar atual, segundo relatório do Bank of America (BofA).

O estudo destaca os casos do Brasil, México e Colômbia, mas também cita projeções para o Chile e o Peru.

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“Projetamos que o Brasil, a Colômbia e o México reduzirão significativamente suas taxas de juros” até o final de 2026, diz o estudo do Bank Of America, que detalha as seguintes previsões:

  • No Brasil, a taxa de juros cairia de 15% para 11,25%;
  • Na Colômbia, a 7% (dos atuais 9,25%);
  • No México, a 6,75% (de 7,75% atualmente);

Em todos os três países, as taxas estão em patamares elevados em termos reais.

O caso mais notório é o do Brasil, a principal economia latino-americana, onde as taxas estão em 15%. Isso ocorre apesar do fato de a inflação anual estar em 5,23% e ter a projeção de encerrar o ano em 4,95%.

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O BofA também argumenta, no relatório, que “o Chile e o Peru também devem reduzir em 50 pontos-base cada um até o final de 2026″.

Recomendações sobre títulos na região

O Bofa menciona que as taxas dos títulos em moeda local permanecem altas em toda a América Latina e detalha que, embora as altas taxas nos EUA sejam parte da explicação, “alguns mercados da região ainda oferecem valor atraente”.

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Brasil

Os títulos em moeda local do Brasil continuam a oferecer, na opinião do BofA, a melhor oportunidade na América Latina. Com a taxa de referência em 15% e a inflação em 5,2%, eles recomendam a compra do NTNB 2028 vinculado à inflação (hoje em 8,23%).

A expectativa de queda da inflação, o arrefecimento do crescimento e a possibilidade de queda nos rendimentos reais dos EUA nos próximos meses reforçam a opinião de que o Banco Central do Brasil poderia iniciar o ciclo de cortes de dezembro com um corte de 50 pontos-base.

O real brasileiro também está profundamente subvalorizado, mais de 15% abaixo de sua média de longo prazo em termos de taxa de câmbio efetiva real.

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Além disso, as tarifas de 50% anunciadas recentemente ofereceram exceções para as principais exportações (suco de laranja, minério de ferro e aeronaves), limitando o impacto sobre a atividade e o comércio. O principal risco para esse cenário é a deterioração da perspectiva fiscal no contexto do ciclo eleitoral.

México

O BofA argumenta que o mercado tem calibrado mal a política monetária do Banxico (Banco Central do México) em relação ao que está descontando para o Fed.

Atualmente, o mercado projeta que o Fed reduzirá as taxas em 125 pontos-base até 2026, mas no México o mercado está descontando apenas 50 pontos-base abaixo do nível atual de 7,75%.

Para que esse diferencial faça sentido, dois cenários teriam que ocorrer: (i) inflação muito mais persistente no México do que nos EUA, ou (ii) uma economia mexicana crescendo muito mais forte do que a dos EUA. De acordo com o BofA, nenhuma dessas hipóteses está se concretizando.

Por esse motivo, eles mantêm posições em swaps F-TIIE de 10 anos (hoje em 8%), apoiados por uma economia fraca, uma inflação que deve cair no próximo ano e a expectativa de cortes do Fed.

Os riscos são um Banxico mais rígido se a inflação surpreender para cima, um crescimento mais forte, a consolidação fiscal estagnada, a erosão institucional ou cortes posteriores do Fed.

Eles mantêm uma visão de baixa sobre o peso mexicano, já que o carry trade está enfraquecendo e os riscos de crescimento devem pressionar a moeda.

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Juan Pablo Álvarez

Biopic: Licenciado en Periodismo en la Universidad Nacional de Lomas de Zamora, con posgrado en Periodismo de Investigación en la Universidad Del Salvador. Especializado en finanzas. Trabajó en Diario Perfil, Ámbito Financiero y El Cronista