As 10 empresas da América Latina mais valiosas em Wall St e os setores que dominam

Na América Latina, os analistas veem setores com alto potencial de crescimento em valor de mercado, especialmente aqueles alinhados com tendências globais como a digitalização, a sustentabilidade e a modernização econômica

Las empresas latinas en Wall Street: ¿cuáles son las 10 más valiosas y qué sectores dominan?
20 de Junho, 2025 | 01:42 PM

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Bloomberg Línea — O mapa das empresas mais valiosas da América Latina em Wall Street continua se diversificando com players relevantes na indústria financeira e no comércio eletrônico, embora empresas de setores tradicionais como mineração, consumo e varejo ainda tenham uma presença importante.

Entre as 10 empresas latino-americanas mais valiosas na Bolsa de Nova York, três são do setor de consumo e varejo, duas provêm do financeiro, duas da mineração, uma de tecnologia, uma de energia e uma de telecomunicações.

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“A América Latina enfrenta diversos desafios estruturais que limitam sua presença nos rankings globais de valor de mercado”, disse Paula Chaves, analista de Mercados da firma HFM, à Bloomberg Línea.

Leia também: Do México ao Brasil: os mercados de galpões logísticos que mais crescem em LatAm

Entre eles, ela destaca “o menor tamanho relativo de suas economias, o baixo investimento em inovação e desenvolvimento, e a limitada profundidade de seus mercados financeiros, o que reduz o acesso a capital para as empresas”.

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A isso se soma um ambiente regulatório menos previsível, que costuma gerar incerteza entre os investidores internacionais.

Além disso, a analista Paula Chaves diz que muitas das principais empresas da região operam em setores tradicionais como matérias-primas, bancos ou comércio varejista, com modelos de negócio menos escaláveis e menor integração de tecnologias disruptivas, “fatores-chave que hoje impulsionam as avaliações nos mercados globais”.

Apesar dos desafios, algumas empresas do setor tecnológico na região começaram a agitar o tabuleiro.

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O Mercado Livre (MELI), a empresa mais valiosa da região atualmente em Wall Street (US$ 121,813 bilhões), segundo dados da Bloomberg, se posicionou na indústria do comércio eletrônico por sua força em pagamentos digitais e logística integrada.

No início do mês, o JPMorgan aumentou seu preço-alvo para as ações do Mercado Livre após atualizar suas estimativas financeiras depois de “outro trimestre sólido” após o fechamento de março. Neste contexto, o banco elevou o preço-alvo para US$ 2.600 desde os US$ 2.250 que previa em dezembro de 2025.

Por sua vez, a Petrobras (PBR) aproveita sua eficiência na produção de petróleo em águas profundas e se beneficia de um ambiente favorável de preços do petróleo.

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O Itaú (ITUB) lidera o setor bancário privado no Brasil, “combinando rentabilidade sólida com uma estratégia ativa de transformação digital”, segundo a analista financeira Paula Chaves, da firma HFM.

No caso do Walmart do México (WMMVY), ela diz que sua posição se foca em um modelo de negócio resistente, focado no consumo de massa, “junto com uma operação eficiente e uma presença cada vez maior em canais digitais”.

Para o analista Renato Campos, analista de mercados da empresa de análise de investimento GH Trading, os modelos de negócio e o domínio que essas empresas exercem em seus respectivos setores refletem um posicionamento estratégico sólido, acompanhado de operações dinâmicas e flexíveis em um ambiente econômico diverso e em crescimento.

Além disso, o tamanho e a escala de seus países de origem lhes oferece uma ampla margem para se expandir e continuar crescendo.

Setores com potencial na América Latina

Na América Latina, os analistas veem setores com alto potencial de crescimento em valor de mercado, especialmente aqueles alinhados com tendências globais como a digitalização, a sustentabilidade e a modernização econômica.

Destacam-se principalmente as fintechs, que estão ampliando o acesso a serviços financeiros em uma região com baixa bancarização, assim como o setor de energia e mineração sustentável, com países como Chile, México e Argentina que possuem recursos estratégicos como lítio e cobre.

Da mesma forma, a analista Paula Chaves se refere à agroindústria tecnológica, que também oferece oportunidades graças à competitividade agrícola e à crescente demanda por alimentos com valor agregado.

A isso se soma o avanço do setor de saúde digital, impulsionado por mudanças demográficas e necessidades de maior eficiência.

Finalmente, o desenvolvimento de infraestrutura e logística ganha relevância diante da decisão de muitas empresas de aproximar seus processos de produção a mercados-chave como os Estados Unidos, o que posiciona a América Latina como uma região estratégica.

“Esses setores podem atrair investimento e fortalecer a presença de empresas latino-americanas nos mercados globais”, concluiu Chaves.

Empresas mais valiosas do mundo

As empresas tecnológicas estão entre as mais valiosas do mundo em Wall Street e superam setores tradicionais como o de hidrocarbonetos, com o impulso atual das soluções de inteligência artificial, que se tornou um dos grandes motores do crescimento no mundo atualmente.

Seis empresas de tecnologia - Microsoft (MSFT), NVIDIA (NVDA), Apple (AAPL), Amazon (AMZN), Alphabet (GOOGL) e Meta Platforms (META), dominam a lista das empresas com maior valor de mercado no primeiro semestre de 2025, marcado pela volatilidade devido à guerra comercial global.

O índice Nasdaq, no qual estão vários dos maiores grupos tecnológicos mundiais, se valorizou no ano até agora 1,03% até 19 de junho, apesar das turbulências globais derivadas das tarifas adotadas pelos EUA e a ameaça que isso representa para setores como o tecnológico.

“Essas empresas conseguiram consolidar sua liderança global graças a modelos de negócio altamente escaláveis, que lhes permitem crescer de forma eficiente e com altas margens”, disse Paula Chaves, analista de Mercados da firma HFM.

“Seu acesso a capital internacional, a atração de talento altamente especializado e sua presença global lhes outorgam uma vantagem competitiva sustentável e uma notável resiliência frente a ambientes econômicos complexos”, apontou Chaves.

A inteligência artificial se tornou um dos grandes motores do crescimento na indústria tecnológica e poderia explicar parte do aumento da capitalização de mercado dessas empresas.

A NVIDIA assumiu um papel central ao desenvolver os processadores gráficos GPU que tornam possível treinar os modelos de IA mais avançados, como os que usam OpenAI, Google ou Meta.

“A capitalização do ‘boom’ da IA foi a ponta de lança da NVIDIA neste último ciclo de mercado, entregando suporte como fornecedor essencial de infraestrutura à indústria enquanto o mercado tende a descontar o potencial de liderança, que às vezes se vê ameaçado por empresas asiáticas”, segundo Renato Campos, analista da firma GH Trading.

Ao mesmo tempo, empresas como Microsoft, Amazon e Google estão integrando a IA em seus produtos do dia a dia como Copilot, Gemini ou Alexa e em suas plataformas na nuvem, abrindo novas formas de gerar receitas.

Segundo a analista Paula Chaves, esse avanço não só mudou a forma como essas empresas operam, mas também aumentou o entusiasmo dos investidores, refletindo-se em um forte impulso em suas avaliações na bolsa.

Essas são as empresas mais valiosas atualmente em Wall Street:

  • Microsoft (MSFT) – US$ 3,56 trilhões – Estados Unidos
  • NVIDIA (NVDA) – US$ 3,54 trilhões – Estados Unidos
  • Apple (AAPL) – US$ 2,93 trilhões – Estados Unidos
  • Amazon (AMZN) – US$ 2,25 trilhões – Estados Unidos
  • Alphabet (GOOGL) – US$ 2,10 trilhões – Estados Unidos
  • Meta Platforms (META) – US$ 1,74 trilhão – Estados Unidos
  • Broadcom (AVGO) – US$ 1,18 trilhão – Estados Unidos
  • Berkshire Hathaway Inc. (BRK/A) - US$ 1,04 trilhão - Estados Unidos
  • Tesla (TSLA) – US$ 1,03 trilhão – Estados Unidos
  • JPMorgan Chase & Co (JPM) – US$ 761,360 bilhões – Estados Unidos

*A petrolífera Saudi Aramco, que cota na bolsa saudita, tem um valor estimado em US$ 1,6 trilhão.

*TSMC, de Taiwan, emite ADR na Bolsa de Nova York, embora sua ação principal continue na Bolsa de Taipei. Sua capitalização é estimada em US$ 1,1 trilhão.

*Dados de 19 de junho de 2025.

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Daniel Salazar

Profissional de comunicação e jornalista com ênfase em economia e finanças. Participou do programa de jornalismo econômico da agência Efe, da Universidad Externado, do Banco Santander e da Universia. Ex-editor de negócios da Revista Dinero e da Mesa América da Efe.