Voláteis, mercados miram rumo de títulos soberanos e cortes na oferta de petróleo

A liquidação de títulos soberanos se espalha pelo globo e atinge outras classes de ativos; destituição histórica de Kevin McCarthy da presidência da Câmara dos EUA adiciona insegurança

Estes são os eventos que orientam os investidores hoje
04 de Outubro, 2023 | 09:31 AM

Barcelona, Espanha — (Esta é a atualização de nota publicada originalmente às 5h50, horário de Brasília)

O nervosismo do mercado diminuiu com a reviravolta nos rendimentos do Tesouro e com a desaceleração do dólar, que havia atingido a maior alta em 10 meses.

Há alguns momentos, entretanto, o clima era diferente. A liquidação dos títulos do Tesouro dos EUA continuou pelo terceiro dia consecutivo, com o prêmio de risco dos títulos de 30 anos chegando a 5% pela primeira vez desde 2007.

O mercado está observando os supostos efeitos da destituição histórica do republicano Kevin McCarthy do cargo de presidente da Câmara, com potencial de afetar a classificação de crédito soberano dos EUA.

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Além disso, a Arábia Saudita e a Rússia anunciaram que continuarão a cortar o fornecimento de petróleo até o final do ano, em 1 milhão e 300.000 barris por dia, respectivamente, em um momento em que os preços estão cambaleando.

Os índices futuros dos EUA abriram em baixa e ficaram positivos. Na Europa, após uma abertura negativa, alguns dos mercados acionários estão no azul, embora a cautela seja a palavra de ordem do dia.

Na Ásia, a queda foi generalizada no fechamento das bolsas (o mercado chinês continua sem funcionar por feriado). O destaque de queda foi índice acionário japonês Nikkei (-2,28%), afetado pelo fato de os bônus soberanos do país terem subido a níveis inéditos desde 2013.

O prêmio do título de 10 anos dos EUA caía para 4,77% às 9h30 em Nova York.

Em outros mercados, o bitcoin subia. O ouro ganhava valor novamente, enquanto o euro e a libra esterlina se valorizavam em relação ao dólar.

Os contratos de petróleo bruto WTI despencavam, sendo negociados abaixo de US$ 88 por barril. Os líderes da coalizão da OPEP+ anunciaram seus planos em declarações oficiais na quarta-feira. Riad cortou a produção de petróleo bruto em 1 milhão de barris por dia, e Moscou está reduzindo as exportações em 300.000 barris por dia, além dos cortes anteriores feitos com outros países da OPEP+.

→ O que move os mercados hoje

💦 Efeito cascata. Enquanto cresce a convicção de que os juros dos EUA possam superar os patamares atuais, os maiores em 22 anos, o prêmios dos títulos do Tesouro de 10 anos parecem também querer romper a barreira dos 5%. A renda variável sentiu o impacto e o índice de ações MSCI de todos os países registrou a pior baixa em seis meses ontem.

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💥 Rastilho de pólvora. A exigência de uma remuneração cada vez maior para carregar a dívida soberana de longo prazo se espalha pelo globo. O prêmio dos títulos de referência da Alemanha ultrapassou os 3% pela primeira vez em mais de uma década. No Japão, a taxa dos bônus a 10 anos do governo subiu para níveis que não eram vistos desde agosto de 2013, a 0,8%. Desta forma, aumenta a pressão para que o banco central japonês eleve o limite da curva de rendimentos e se prepare para o fim de sua política de taxas de juros negativas.

🔥 Mais lenha à fogueira. Um novo elemento foi adicionado ao já perturbado mercado. Analistas temem que a destituição de Kevin McCarthy danifique a classificação de risco dos títulos soberanos dos EUA. A saída de McCarthy em um momento delicado, com o risco de paralisação do governo ainda no ar, deve desencadear um surto de incerteza política em Washington em questões como as despesas federais.

💊 No front corporativo. A fabricante de medicamentos genéricos Sandoz Group foi desmembrada da farmacêutica Novartis AG para iniciar sua vida como uma empresa autônoma. Suas ações estreiam hoje na bolsa de valores da Suíça e os primeiros negócios apontam uma capitalização de mercado equivalente a US$ 12 bilhões.

Os mercados nesta manhã

🟢 As bolsas ontem (03/10): Dow Jones Industrials (-1,29%), S&P 500 (-1,37%), Nasdaq Composite (-1,87%), Stoxx 600 (-1,10%), Ibovespa (-1,42%)

Os temores sobre o rumo dos juros amargaram o mercado acionário. Novos dados de pedidos de auxílio-desemprego e comentários de membros do Fed renovaram as apostas de taxas mais altas por mais tempo. Também pesou o aumento para 9,61 milhões, contra menos de 9 milhões em julho, nas vagas em agosto, segundo a pesquisa de Vagas de Emprego e Rotatividade de Mão de Obra (JOLTS).

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Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

Feriado: China

PMI de Serviços e Composto/Set: EUA, Zona do Euro, Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Espanha, Brasil

EUA: Encomendas à Indústria/Ago, Pedidos de Bens Duráveis/Ago, Atividade Empresarial Não Manufatureira-ISM/Set, Reunião da OPEP, Variação de Empregos Privados-ADP/Set, Pedidos de Hipotecas MBA, Estoques de Petróleo Bruto

Europa: Zona do Euro (IPP/Ago, Vendas no Varejo/Ago); Itália (PIB 3T23)

Ásia: Hong Kong (PMI Industrial/Set); Japão (Compra de Títulos Estrangeiros, Investimentos Estrangeiros em Ações Japonesas)

América Latina: Brasil (Fluxo Cambial Estrangeiro)

Bancos centrais: Discurso de Discurso de Michelle Bowman e Austan Goolsbee (Fed) e de Christine Lagarde (BCE)

🗓️ Os eventos de destaque na semana →

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Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.