Ações globais operam em queda ante risco de paralisação do governo dos EUA

Investidores avaliam impacto de um possível shutdown sobre a política do Fed e relatórios econômicos cruciais; Ouro recua após subir 45% no ano, enquanto dólar perde ganhos de setembro

NO RADAR DOS MERCADOS
30 de Setembro, 2025 | 06:44 AM

Bloomberg — As ações globais operam em queda nesta terça-feira (30), à medida que o risco crescente de uma paralisação do governo dos EUA pressiona a maioria das classes de ativos.

O ouro caiu 0,6% depois de ter renovado máximas históricas mais cedo na sessão. As ações europeias perderam força junto com os futuros americanos.

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O dólar cedeu, o que apagou os ganhos de setembro. Os Treasuries ampliaram sua valorização.

A disparada do ouro faz uma pausa após uma alta de 45% neste ano, ressaltando seu apelo enquanto o Federal Reserve corta os juros, em meio a tensões comerciais e ao enfraquecimento da confiança no excepcionalismo americano, que reforçaram sua atratividade como porto seguro.

Operadores aguardam uma série de relatórios de emprego nos EUA previstos para esta semana, a fim de avaliar o próximo passo do Fed, embora a divulgação do relatório-chave de folhas de pagamento de sexta-feira esteja em dúvida devido ao impasse orçamentário no Congresso.

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“Se a paralisação atrasar a divulgação, isso pode gerar ansiedade e dar suporte extra a refúgios seguros como metais preciosos e moedas”, disse Susana Cruz, estrategista da Panmure Liberum.

Rally do ouro

O vice-presidente JD Vance disse acreditar que o governo dos EUA está a caminho de paralisar suas operações após a reunião de última hora do presidente Donald Trump com os principais líderes do Congresso, que terminou sem atender às demandas dos democratas antes do prazo de 1º de outubro.

Muitas operações federais serão suspensas e funcionários não essenciais serão colocados em licença não remunerada ou demitidos se os legisladores não chegarem a um acordo até o fim do atual ano fiscal.

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De acordo com as diretrizes mais recentes, o Bureau of Labor Statistics — responsável por uma série de dados econômicos de referência dos EUA — interromperia as atividades e provavelmente adiaria o relatório de folhas de pagamento de sexta-feira em caso de paralisação.

“Dada a importância do mercado de trabalho para as decisões do Fed sobre cortes de juros, o risco de que o relatório de desemprego de setembro possa ser adiado tende a aumentar a ansiedade do mercado em relação à direção da política monetária”, disse Kathy Jones, estrategista-chefe de renda fixa da Charles Schwab & Co.

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O que dizem os estrategistas da Bloomberg News...

Até certo ponto, os ganhos do ouro passaram despercebidos porque as máximas recordes do metal precioso já se tornaram tão comuns que parecem banais. Mas o salto de 2% na segunda-feira, a partir de níveis já elevados, reflete certo grau de preocupação com o risco de a paralisação desencadear uma nova onda de turbulência. Isso também aumenta o potencial de uma queda acentuada do ouro caso os EUA evitem o shutdown.

—Garfield Reynolds, líder da equipe MLIV.

Enquanto isso, a atividade industrial da China prolongou sua queda pelo sexto mês consecutivo, o período de contração mais longo desde 2019, à medida que a economia entrou em desaceleração após uma arrancada de crescimento no início do ano. As ações chinesas, porém, caminham para a melhor sequência mensal de ganhos em sete anos.

Veja a seguir outros destaques desta manhã de terça-feira (30 de setembro):

- Risco de paralisação nos EUA. O vice-presidente JD Vance disse acreditar que os EUA caminham para uma paralisação do governo. O impasse gira em torno da extensão dos subsídios do Obamacare e dos cortes no Medicaid. Uma paralisação afetaria o reporte de dados e poderia agravar a incerteza nos mercados

- Acordo do Google com Trump. A big tech concordou em pagar US$ 24,5 milhões para encerrar um processo movido por Donald Trump sobre uma suposta censura após sua suspensão no YouTube depois do ataque de 6 de janeiro de 2021. O acordo se soma a outros acordos firmados recentemente com Meta, ABC, Twitter e Paramount.

- Nova CEO da Pandora. A joalheria dinamarquesa nomeou Berta de Pablos-Barbier, atual diretora de marketing, como sua primeira CEO mulher, em substituição a Alexander Lacik, que se aposenta em março. A decisão marca um passo importante de sua estratégia para ampliar a diversidade de gênero, com meta de paridade até 2030.

Ações globais 30/09/25
🔘 As bolsas ontem (29/09): Dow Jones Industrials (+0,15%), S&P 500 (+0,26%), Nasdaq Composite (+0,48%), Stoxx 600 (+0,18%), Ibovespa (+0,61%)

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-- Com informações da Bloomberg News.

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