Bloomberg — As ações globais operam em queda nesta terça-feira (6) com preocupações sobre o impacto da guerra comercial nas empresas e na economia mundial.
Os contratos futuros do S&P 500 recuaram 0,7%, enquanto os do Nasdaq 100 caíram 0,9%.
As ações da Palantir Technologies recuaram cerca de 8% nas negociações pré-mercado, após os resultados da empresa de software ficarem abaixo das expectativas dos investidores.
Analistas destacaram fraqueza na divisão de vendas internacionais da companhia. A Ford Motor recuou 2,3% depois de retirar suas projeções financeiras e alertar sobre um impacto total de cerca de US$ 2,5 bilhões nas receitas de 2025 devido às tarifas.
Na Europa, o índice Stoxx 600 interrompeu uma sequência de 10 dias de ganhos e caiu 0,5%, com empresas como a Royal Philips e a Vestas Wind Systems alertando sobre a incerteza alimentada pelas tarifas comerciais.
Os movimentos sugerem que o recente otimismo impulsionado por algumas concessões comerciais dos EUA pode já estar se dissipando. Na segunda-feira, o S&P 500 interrompeu uma sequência de nove dias de alta — a mais longa em cerca de 20 anos.
Embora o alerta da Ford tenha servido como lembrete de que os danos da guerra tarifária se tornarão evidentes nos próximos meses, uma série de dados econômicos sólidos nos últimos dias fez os investidores reduzirem as apostas em cortes de juros pelo Federal Reserve.
“O mercado já precificou os possíveis ganhos de curto prazo nesse sentido e agora se prepara para uma desaceleração econômica”, disse Mohit Kumar, economista-chefe e estrategista da Jefferies International.
“Nossa visão é aproveitar o rali recente para reduzir exposição aos EUA”, escreveu Kumar em nota a clientes. “Esperamos alguma desaceleração nos dados econômicos à medida que nos aproximamos de junho e as tarifas começam a surtir efeito.”
Enquanto isso, os investidores também começam a aceitar a ideia de que o Fed não cortará os juros tão cedo ou com tanta intensidade quanto se esperava anteriormente.
Embora a expectativa seja de manutenção da taxa nesta semana, os mercados futuros passaram a prever o primeiro corte apenas para julho, com três reduções até o fim do ano — em vez de quatro, como se previa uma semana atrás.
O índice do dólar da Bloomberg operava com pouca variação, após ceder um ganho modesto registrado mais cedo.
O indicador acumula queda de quase 7% no ano, e os dados mostram que operadores vêm aumentando apostas de baixa. Os reflexos são sentidos em todo o mundo, com fortes oscilações recentes entre moedas asiáticas, enquanto Hong Kong intensificou as vendas de sua moeda local para proteger seu sistema de câmbio atrelado ao dólar.
Por sua vez, o Banco da Inglaterra deve cortar os juros nesta semana e pode até abrir caminho para uma série de reduções consecutivas em resposta à guerra comercial. O Banco Central Europeu também deverá cortar ainda mais as taxas, segundo o membro do conselho Yannis Stournaras.
Veja a seguir outros destaques desta manhã de terça-feira (06 de maio):
- Ford sob impacto das tarifas. A montadora espera que as tarifas reduzam o Ebitda ajustado em cerca de US$ 1,5 bilhão neste ano. O impacto tarifário total estimado pela empresa é de aproximadamente US$ 2,5 bilhões, dos quais US$ 1 bilhão deve ser compensado por meio de medidas internas.
- Aquisição bilionária. A OpenAI concordou em comprar a startup Windsurf, especializada em codificação assistida por IA, por cerca de US$ 3 bi, segundo fontes familiarizadas com o assunto ouvidas pela Bloomberg News. O negócio tem potencial para se tornar a maior aquisição da companhia até o momento.
- Mattel ajusta horizonte. A companhia informou que está “pausando” seu guidance para o ano, “dada a volatilidade macroeconômica e a evolução da situação tarifária nos EUA”. Anteriormente, a empresa previa que as vendas de bonecas Barbie e carrinhos Hot Wheels cresceriam até 3% em 2025.

🔘 As bolsas ontem (05/05):Dow Jones Industrials (-0,24%), S&P 500 (-0,64%), Nasdaq Composite (-0,74%), Stoxx 600 (+0,16%), Ibovespa (-1,22%)
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-- Com informações da Bloomberg News.
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