Bloomberg — Há praticamente um consenso na avenida Faria Lima, em São Paulo, de que o mercado brasileiro trouxe a discussão das eleições de 2026 para o jogo muito antes do usual. Marcelo Nantes, head de renda variável do ASA, ainda não está convencido a pular no barco dessas apostas: “Hoje, não posiciono absolutamente nada” em eleição, diz ele em entrevista à Bloomberg News.
Nantes diz estar se “policiando” para não cair na ansiedade que tem reinado entre os investidores, que temem perder o início de um rali que uma possibilidade de troca de poder, com vitória da oposição, poderia gerar.
Para ele, ainda é cedo para cravar uma aposta, dado que ainda não há claramente um candidato de oposição e tudo aponta para uma eleição apertada no ano que vem.
“Ninguém está esperando uma vitória avassaladora de nenhum dos lados”, diz, pontuando que o mercado avalia sobretudo a diferença de condução fiscal dos candidatos, o que afetaria o comportamento da curva de juros.
Leia também: Eurasia vê viés pró-Lula e ‘equívocos’ do mercado em suas apostas para 2026
Antes disso, o gestor aguarda outros indicadores para abraçar mais risco e sair de uma posição que ele define como defensiva. Nomeadamente, uma sinalização mais clara do BC que dê visibilidade maior do início do corte de juros e uma estabilização dos números de atividade.
Defensivos
“No momento, estamos um pouco mais defensivos olhando qual vai ser a hora de virar a chave”, disse.
Nantes diz ter como maiores exposições setoriais hoje papéis de construtoras - com foco na baixa renda -, utilities e transportes, setores considerados conservadores para quem quer capturar algum ganho com a queda dos juros, mas quer exposição limitada a risco.
Para ele, ainda não é o momento de entrar em papéis de maior volatilidade, com maior “beta”, no jargão do mercado, ainda que reconheça que esses papéis estão ganhando tração na bolsa, vindos de um 2024 ruim. O índice Small Cap da B3, que reúne várias dessas empresas de maior volatilidade, acumula alta de quase 30% no ano.
“Estamos querendo ficar mais positivos”, disse. “Tem um cenário para o ano que vem bastante favorável na bolsa, estaremos num ano de corte de juros e de eleição que, historicamente, é o ano de maior gasto do governo”.
A instituição financeira fundada por Alberto Safra administra cerca de R$ 7 bilhões em ativos.
Veja mais em Bloomberg.com
Leia também
Medo de perder trade eleitoral no Brasil impulsiona rali de estrangeiros na bolsa
Condenação de Bolsonaro eleva tensão com EUA e pode unir direita em torno de candidato
© 2025 Bloomberg L.P.