Bloomberg — A União Europeia quer acelerar as negociações comerciais com os Estados Unidos a seis semanas antes da entrada em vigor das tarifas de 50% ameaçadas pelo presidente Donald Trump, depois da extensão do prazo pelo líder americano.
A Comissão Europeia, que lida com questões comerciais para a UE, concentrará sua nova estratégia em setores críticos, bem como em barreiras tarifárias e não tarifárias, de acordo com pessoas familiarizadas com os planos ouvidas pela Bloomberg News.
A comissão também vinculará sua abordagem para lidar com barreiras regulatórias aos seus planos de simplificação de regras.
O chefe de comércio da UE, Maros Sefcovic, conduzirá as negociações políticas em setores de produtos como aço e alumínio, automóveis, produtos farmacêuticos, semicondutores e aviões comerciais, disseram as pessoas, que falaram sob condição de anonimato.
Essas negociações acontecerão em paralelo às discussões técnicas sobre tarifas e barreiras não tarifárias.
Na semana passada, Trump ameaçou impor uma tarifa de 50% sobre a UE a partir de 1º de junho, depois de reclamar que o bloco estava atrasando as negociações e atacando injustamente as empresas americanas com ações judiciais e regulamentações.
Mas o presidente dos EUA prorrogou o prazo de volta para 9 de julho após uma ligação no domingo com a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, quando ela concordou em acelerar as negociações.
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Um porta-voz da comissão não quis comentar.
Os Estados membros foram informados sobre as discussões na segunda-feira, depois que Sefcovic realizou uma ligação com seus colegas norte-americanos, o Secretário de Comércio Howard Lutnick e o Representante de Comércio dos EUA Jamieson Greer, de acordo com as pessoas.
Os setores sobre os quais Sefcovic se concentrará já foram atingidos pelas tarifas dos EUA ou foram marcados para futuras cobranças.
A UE propôs aprofundar a cooperação com os EUA nesses setores como parte de uma proposta anterior compartilhada com os EUA na semana passada, informou a Bloomberg.
A oferta da UE na semana passada - que também propunha a redução mútua de tarifas sobre muitos produtos e o trabalho conjunto em desafios globais, bem como investimentos mútuos e compras estratégicas - foi rejeitada pelos EUA e desencadeou a ameaça de Trump de aumentar as tarifas.
Quaisquer demandas unilaterais dos EUA que possam prejudicar a autonomia do bloco em questões regulatórias e tributárias provavelmente continuarão sendo linhas vermelhas, disseram as pessoas.

Até o momento, as negociações têm se deparado com vários problemas, sem um caminho claro para encontrar um meio-termo.
Os europeus reclamaram que não está claro o que os EUA querem ou mesmo quem fala pelo presidente americano, e os EUA disseram que a UE visa injustamente as empresas americanas com ações judiciais e regulamentações.
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Paralelamente às negociações em andamento com o governo Trump, a UE continuará a preparar contramedidas caso as negociações não cheguem a um resultado satisfatório, disseram as pessoas.
A UE aprovou tarifas sobre 21 bilhões de euros ( US$ 23,8 bilhões) de produtos norte-americanos em resposta às imposições de Trump sobre metais que podem ser rapidamente implementadas.
Essas tarifas têm como alvo estados americanos politicamente sensíveis e incluem produtos como a soja da Louisiana, terra natal do presidente da Câmara dos Deputados, Mike Johnson, bem como produtos agrícolas, aves e motocicletas.
O bloco também está preparando uma lista adicional de tarifas sobre 95 bilhões de euros de produtos americanos. Essas medidas, que são uma resposta aos impostos “recíprocos” de Trump e às tarifas automotivas, teriam como alvo produtos industriais, incluindo aeronaves da Boeing.
A UE foi instada por alguns Estados-membros a preparar contramedidas adicionais para qualquer ação adicional que o presidente dos EUA tenha ameaçado, inclusive sobre semicondutores e o setor farmacêutico.
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Muitas autoridades e estados-membros da UE continuam a acreditar que várias das tarifas de Trump permanecerão em vigor e que as chances de um bom acordo continuam pequenas, acrescentaram as pessoas.
“Queremos uma solução rápida agora”, disse o ministro das Finanças da Alemanha, Lars Klingbeil, a repórteres em Berlim na segunda-feira.
Ele acrescentou que estava “cautelosamente otimista” de que um acordo poderia ser encontrado, sem entrar em detalhes. Klingbeil disse que a UE deve responder às ameaças tarifárias dos EUA de forma unida, coordenada e consistente.
-- Com a colaboração de Michael Nienaber.
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