Bloomberg — O presidente Donald Trump disse que “não está planejando fazer nada” para remover Jerome Powell, depois que um oficial da Casa Branca disse que o presidente provavelmente buscaria a saída do presidente do Federal Reserve em breve.
“Não, não estamos planejando fazer nada”, disse Trump a repórteres nesta quarta-feira (16) quando perguntado se queria demitir Powell.
O presidente acrescentou mais tarde, quando perguntado se estava descartando completamente a ideia de demitir Powell, que “é altamente improvável, a menos que ele tenha que sair” devido a “fraude”.
Leia também: Trump pode pressionar, mas o Fed foi estruturado para resistir a intervenções
Trump discutiu a possível medida em uma reunião com republicanos do Congresso na noite de terça-feira (15). O presidente disse que “quase todos eles” apoiaram a ideia de remover Powell.
Destituir Powell antes do fim de seu mandato como presidente provavelmente abalaria os mercados financeiros e levaria a um confronto legal consequente.
Mais cedo, um oficial da Casa Branca disse que o presidente provavelmente demitiria o presidente do Federal Reserve Jerome Powell em breve. Embora os legisladores tenham manifestado apoio à medida, Trump não teria uma decisão final e poderia mudar de ideia, de acordo com o oficial que falou à Bloomberg News e pediu anonimato por discutir uma conversa privada.
Insatisfação com os juros
O presidente expressou repetidamente frustração com a decisão do banco central americano de manter as taxas de juros estáveis, e oficiais do governo confirmaram nos últimos dias que o processo para selecionar um sucessor para Powell — cujo mandato como presidente não está previsto para expirar até maio de 2026 — está em andamento.
Nos últimos dias, Trump e seus aliados atacaram Powell sobre reformas na sede do Fed em Washington, argumentando que o trabalho foi prejudicado por estouros de custos e é exorbitantemente luxuoso para um prédio de escritório do governo. Trump sugeriu que os custos de renovação eram “bem vergonhosos.”
Perguntado na terça-feira se era uma ofensa passível de demissão, Trump respondeu: “Eu acho que meio que é”, mas parou antes de dizer que planejava tirar o chefe do Fed por causa da polêmica.
“Eu acho que ele é um completo insensível, mas a única coisa que eu não via nele era como o cara que precisava de um palácio para morar”, disse Trump.
Powell chamou os relatos da mídia sobre as reformas de imprecisos. No início desta semana, ele fez uma solicitação formal para o inspetor-geral do banco revisar a renovação.
Powell também manteve que um presidente não tem autoridade legal para demitir ou rebaixar aqueles em posições de liderança no Fed. Em abril, ele disse: “não somos removíveis exceto por causa.”
Isso era uma referência à Seção 10 do Federal Reserve Act, a lei que governa o banco central, que diz que membros do Conselho de Governadores do Fed, do qual o presidente é um, podem ser “removidos por causa.”
“Se Trump demitir Powell e colocar alguém no lugar para pressionar o Fed a cortar taxas, o mercado de títulos reagiria mal a isso — venderia e os rendimentos subiriam”, disse Jim Bianco, presidente e estrategista macro da Bianco Research.
“Já vimos um exemplo” do que pode acontecer, acrescentou Bianco, apontando para o salto nos rendimentos do Tesouro de 10 anos no final de 2024 que veio junto com os cortes de taxa do Fed. O mercado estava “basicamente dizendo ao Fed que você tem a política errada — a economia não precisa de estímulo extra. É isso que aconteceria agora.”
-- Reportagem atualizada às 13h13 para incluir os comentários de Trump, negando os planos de demissão.
Leia também
Mercado subestima risco de destituição de Powell, diz estrategista do Deutsche Bank
Trump revela critério para escolher próximo chefe do Fed: ‘alguém que corte os juros’
© 2025 Bloomberg L.P.
