Bloomberg — O presidente americano Donald Trump disse às autoridades europeias que está disposto a impor novas tarifas abrangentes à Índia e à China para pressionar o presidente russo Vladimir Putin à mesa de negociações com a Ucrânia — mas somente se os países da União Europeia fizerem o mesmo.
Trump fez o pedido durante uma reunião com altos funcionários dos Estados Unidos e da UE em Washington, segundo pessoas familiarizadas com a discussão que falaram com a Bloomberg News e pediram anonimato porque discutiam deliberações privadas.
Os EUA estão dispostos a aplicar tarifas semelhantes às impostas pela Europa a ambos os países, disse uma das fontes.
A proposta representou um desafio, visto que vários países, incluindo a Hungria, já bloquearam no passado sanções mais rigorosas da UE contra o setor energético da Rússia. Tais medidas exigiriam o apoio de todos os Estados-membros.
Outras medidas potenciais discutidas por autoridades americanas e da UE incluem novas sanções à frota paralela de petroleiros da Rússia, bem como restrições aos seus bancos, seu setor financeiro e suas grandes empresas petrolíferas, de acordo com as fontes.
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A sugestão de Trump, primeiramente relatada pelo Financial Times, ocorre após o prazo dado por ele para que Putin realizasse uma reunião bilateral com o presitente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, ter expirado sem indicação de que o líder russo, que se encontrou com Trump no final do mês passado no Alasca, estava genuinamente interessado em se envolver em negociações de paz presenciais.
Em vez disso, Moscou intensificou a campanha de bombardeios na Ucrânia, com um ataque na terça-feira matando pelo menos duas dúzias de aposentados que recebiam pagamentos no leste da Ucrânia.
Qualquer ação dos EUA dependeria, em última análise, de Trump, que até agora se absteve de punir a Rússia diretamente, apesar de ter determinado vários prazos e da relutância contínua de Putin em negociar o fim da guerra.
Trump, no entanto, já dobrou as tarifas sobre a Índia para 50% em razão de suas compras contínuas de petróleo russo.
Na terça-feira, Trump publicou nas redes sociais que os EUA e a Índia continuavam as negociações para resolver as barreiras comerciais e expressou otimismo de que os dois países chegariam a um acordo para resolver a disputa. Ele também disse estar ansioso para “falar com meu bom amigo” primeiro-ministro Narendra Modi nas próximas semanas.
A proposta tarifária de Trump contrasta com um tom mais suave que ele adotou nos últimos meses em relação à China como parte dos esforços aparentes para garantir uma cúpula com o presidente Xi Jinping e um acordo comercial com a segunda maior economia do mundo.
No mês passado, ele estendeu a pausa nas tarifas mais altas sobre produtos chineses até o início de novembro, uma medida que estabilizou os laços comerciais.
Xi provavelmente retaliaria contra qualquer escalada. As exportações chinesas mostraram resiliência, apesar de uma tarifa de 55% sobre as remessas para os EUA, o que indica que Pequim tem espaço para suportar mais pressões.
Tal cenário também poderia colocar em risco uma reunião entre Trump e o principal líder da China, que ambas as nações estão trabalhando para organizar, e que pode ser realizada já no próximo mês, nos bastidores de uma grande cúpula na Coreia do Sul.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, disse que seu país sempre aderiu a uma “posição objetiva e justa” sobre a guerra na Ucrânia, quando questionado em uma coletiva de imprensa regular em Pequim nesta quarta-feira sobre a mais recente proposta tarifária de Trump.
Uma delegação de autoridades da UE está visitando Washington nesta semana para se encontrar com colegas americanos e discutirem o potencial de uma ação conjunta para pressionar a Rússia a encerrar a guerra contra a Ucrânia e a entrar em negociações com Kiev.
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