Trump amplia para 50% tarifa sobre produtos da Índia por compra de petróleo da Rússia

Presidente dos EUA intensificou pressão sobre o governo indiano, acusou Nova Délhi de se recusar a facilitar o acesso a produtos americanos e criticou sua participação no grupo dos Brics

Presidente dos EUA intensificou pressão sobre o governo indiano e criticou sua participação no grupo dos Brics (Foto: Dhiraj Singh/Bloomberg)
Por Catherine Lucey
06 de Agosto, 2025 | 12:06 PM

Bloomberg — O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impôs uma tarifa adicional de 25% sobre os produtos indianos devido à compra de energia russa, informou a Casa Branca na quarta-feira (6), horas depois que as negociações entre Washington e Moscou sobre a guerra na Ucrânia não conseguiram produzir um avanço.

A nova taxa - que se somará a uma tarifa de 25% específica para o país, a ser implementada durante a noite - entrará em vigor dentro de 21 dias, de acordo com uma ordem executiva assinada por Trump.

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“Eles estão alimentando a máquina de guerra. E se eles vão fazer isso, não vou ficar feliz”, disse Trump na terça-feira em uma entrevista à CNBC, referindo-se às compras de energia russa pela Índia.

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O ETF iShares MSCI India caiu para as mínimas da sessão após o anúncio de Trump. Os preços do petróleo subiram e a rúpia indiana se enfraqueceu acentuadamente em relação ao dólar.

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Trump intensificou sua briga com a Índia em relação ao comércio, impondo unilateralmente uma tarifa após meses de negociações que não conseguiram garantir um acordo. Ele acusou Nova Délhi de se recusar a facilitar o acesso a produtos americanos e criticou sua participação no grupo dos Brics de economias em desenvolvimento.

O presidente dos EUA também expressou frustração com o líder russo Vladimir Putin, pois os esforços para intermediar uma trégua com a Ucrânia tiveram pouco progresso. Trump deu a Moscou um prazo até 8 de agosto para alcançar um cessar-fogo ou enfrentar possíveis sanções, e ameaçou os parceiros comerciais com as chamadas tarifas secundárias para desencorajar a compra de energia russa.

O Kremlin disse que uma reunião entre Putin e o enviado dos EUA, Steve Witkoff, no início da quarta-feira, só rendeu uma troca de “sinais”.

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“De nossa parte, em particular, foram transmitidos alguns sinais sobre a questão ucraniana”, disse aos repórteres o assessor de política externa do presidente russo, Yuri Ushakov, sem entrar em detalhes. “Sinais correspondentes também foram recebidos do presidente Trump”.

Ushakov disse que as negociações que duraram quase três horas foram “úteis e construtivas”, e também se concentraram nas perspectivas de desenvolvimento das relações EUA-Rússia. Moscou aguardará que Witkoff apresente seu relatório a Trump antes de fazer mais comentários, acrescentou Ushakov.

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Antes das conversações, Trump sugeriu que imporia maiores taxas a outros países, incluindo a China, que, como a Índia, compram energia da Rússia.

“Faremos um pouco disso”, disse Trump aos repórteres. “Veremos o que acontecerá no próximo período de tempo bastante curto.”

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Os aliados da Ucrânia afirmaram que as compras de energia pela Índia, China e outras nações sustentaram a economia de Putin e diminuíram a pressão sobre Moscou para pôr fim a uma guerra que já está em seu quarto ano.

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