Para esta gestora, alta do petróleo com conflito Israel x Irã pode ser passageira

Janus Henderson alerta que os preços do petróleo podem recuar sem sinais concretos de interrupção na oferta ou no fluxo de barris pelo estreito de Ormuz

Yacimientos de petróleo en Rusia
18 de Junho, 2025 | 11:07 AM

Bloomberg Línea — O ataque de Israel a instalações nucleares e militares no Irã voltou a acender os alertas geopolíticos no Oriente Médio e reacendeu a volatilidade nos mercados.

Além disso, o conflito gerou um efeito imediato sobre os preços internacionais do petróleo, impulsionando tanto o Brent quanto o West Texas Intermediate (WTI), e fortaleceu as ações do setor de energia, embora a gestora de fundos Janus Henderson tenha alertado que a alta nos preços pode se diluir.

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“O Irã é um importante produtor de petróleo e está localizado estrategicamente no estreito de Ormuz, por onde são transportados milhões de barris de petróleo por dia”, disseram analistas da gestora.

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Após o ataque, ambas as referências do petróleo chegaram a disparar até 13% no mercado antes da abertura.

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A alta pode se diluir?

Embora os preços tenham moderado os ganhos iniciais, o Brent e o WTI agora são negociados acima de US$ 70 por barril — níveis bem superiores aos mínimos de aproximadamente US$ 58 registrados no início do ano.

“Apesar de o movimento do petróleo ter sido significativo, esperamos que o avanço se dilua a menos que haja evidências concretas de interrupções na oferta”, afirmaram os especialistas da Janus Henderson em um relatório.

Por ora, o Irã informou que suas refinarias e tanques de armazenamento de petróleo não sofreram danos.

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No entanto, a gestora de fundos alertou que “diante dos comentários recentes tanto do Irã quanto de Israel, o conflito parece longe de terminar, o que pode levar a ataques direcionados à infraestrutura petrolífera”.

Um dos maiores riscos é que o Irã decida fechar o estreito de Ormuz, o que afetaria diretamente o fluxo de petróleo e gás natural liquefeito (GNL).

“Como represália, o Irã poderia fechar o estreito de Ormuz, interrompendo cerca de 25% dos embarques mundiais de petróleo e 20% dos embarques de GNL que passam por ali todos os dias, o que empurraria os preços ainda mais para cima”, explicaram.

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Repercussões nas ações do setor de energia

O salto no preço do petróleo também chegou aos mercados acionários, embora com efeitos mistos. Enquanto os índices gerais registraram quedas devido ao aumento da aversão ao risco, as ações do setor de energia subiram de maneira expressiva.

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“As ações do setor energético também subiram, lideradas pelas empresas de exploração e produção com maior peso no petróleo”, segundo relatório da Janus Henderson.

Dois fatores-chave para observar

A chave agora, segundo a gestora, será acompanhar de perto dois pontos:

  • Qualquer sinal de interrupção na produção de petróleo.
  • Qualquer interrupção no fluxo de petróleo ou gás.

O que pode acontecer a seguir?

Segundo a gestora, se essas disrupções não se concretizarem, os preços podem recuar.

“Acreditamos que os preços do petróleo possam recuar, já que o panorama de oferta para o segundo semestre de 2025 provavelmente será cada vez mais influenciado por um aumento previsto da produção por parte da OPEP e seus aliados (OPEP+)”.

Nesse sentido, lembraram que “numa mudança importante de política, alguns membros da OPEP+ começaram a aumentar a produção em abril, após vários anos em que a oferta estava restrita em cerca de 2,2 milhões de barris por dia”.

Por fim, destacaram que as empresas de energia com menor exposição ao Oriente Médio podem estar melhor posicionadas nesse novo cenário.

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Diferença entre fluxo e produção

A diferença entre interrupção na produção e no fluxo de petróleo (ou gás) é fundamental para entender como o conflito pode afetar os preços:

Interrupção na produção

Significa que não está sendo extraído petróleo ou gás dos campos. Isso pode ocorrer devido a danos em campos petrolíferos, refinarias ou instalações de bombeamento. Afeta diretamente a oferta global disponível, pois há menos produção. Exemplo: Se uma bomba atinge uma planta petrolífera no Irã e ela deixa de operar, a produção é interrompida.

Interrupção no fluxo

Significa que o petróleo ou gás já produzido não consegue chegar ao destino. Geralmente está ligada a problemas logísticos ou geográficos: fechamento de rotas marítimas, sabotagens em oleodutos ou bloqueios estratégicos como o estreito de Ormuz. O petróleo existe, mas não pode ser transportado aos compradores, criando gargalos. Exemplo: Se o Irã fechar o estreito de Ormuz, ainda que o petróleo continue saindo dos poços, não poderá ser exportado.