Milei se encontrará com Trump em NY em tentativa de conter desvalorização do peso

Líderes terão encontro na terça-feira, às margens da Assembleia Geral da ONU, enquanto o presidente argentino lida com uma onda vendedora que derrubou o peso e outros ativos argentinos

Javier Milei
Por Maya Averbuch
21 de Setembro, 2025 | 08:52 AM

Bloomberg — O líder argentino Javier Milei anunciou planos de se reunir com o presidente Donald Trump em Nova York na terça-feira (23), depois de dar a entender que seu país está em negociações para interromper uma onda vendedora no mercado e evitar uma crise da dívida.

A reunião com o presidente dos Estados Unidos refletirá “a sólida relação bilateral” entre os dois países e o compromisso compartilhado de aprofundar os laços estratégicos, disse o gabinete presidencial em Buenos Aires em um comunicado. A Casa Branca não respondeu a um pedido de comentário.

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A Argentina trabalha para garantir o cumprimento de cerca de US$ 9,5 bilhões em pagamentos de dívidas que vencem no próximo ano e interromper a queda do peso.

O país despejou US$ 1,1 bilhão no mercado de câmbio durante três dias nesta semana para evitar uma desvalorização que descarrilaria o plano de estabilização do presidente.

Leia também: Milei vende mais de US$ 400 milhões em reservas para evitar a desvalorização do peso

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Perguntado na sexta-feira (19) se espera ajuda do Tesouro dos Estados Unidos, Milei disse que a Argentina trabalha em estratégias para garantir que possa cumprir os pagamentos da dívida no próximo ano.

“Essas negociações levam tempo e não fazemos anúncios até que sejam confirmadas”, disse Milei em uma entrevista à televisão, sem mencionar o Departamento do Tesouro. “Mas estamos trabalhando arduamente, estamos muito avançados, e é uma questão de tempo também.”

Depois de visitar a Argentina em abril, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, disse em uma reunião privada de investidores que os Estados Unidos poderiam considerar a possibilidade de utilizar seu Fundo de Estabilização Cambial para apoiar seu aliado sul-americano. O Tesouro não comentou publicamente sobre a ideia desde então.

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Os investidores têm retirado dinheiro da Argentina em um ritmo crescente desde que Milei - um fiel aliado de Trump - foi derrotado nas eleições locais em 7 de setembro, aumentando as apostas para as disputas parlamentares de meio de mandato em outubro.

Uma nova derrota poderia desperdiçar a chance de Milei ganhar apoio suficiente no Congresso para levar adiante seus planos.

Um escândalo envolvendo o círculo íntimo do presidente e cortes drásticos de gastos reduziram os índices de aprovação de Milei, mesmo depois de uma queda na inflação anual para 34%, de um pico de 289% no ano passado.

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A derrocada dos ativos argentinos levou o governo a intervir para manter o peso dentro de uma faixa de negociação estabelecida como parte de um empréstimo de US$ 20 bilhões que o país obteve do Fundo Monetário Internacional (FMI) este ano.

Milei e seu ministro da economia, Luis Caputo, se reunirão com a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, na segunda-feira em Nova York, de acordo com um itinerário fornecido pelo porta-voz de Milei.

Trump e Milei estarão na cidade para discursar na Assembleia Geral das Nações Unidas. Trump falará na terça-feira e Milei na quarta-feira.

Milei se encontrou com Trump em seu resort em Mar-a-Lago antes de uma cúpula conservadora em novembro, logo após a vitória de Trump nas eleições americanas.

Desde então, ele fez mais viagens aos Estados Unidos, reforçando seu apoio ao presidente americano e se apresentando como um aliado político.

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