Bloomberg — Os funcionários do Federal Reserve ainda estão tentando avaliar se o aumento nos rendimentos dos títulos do Tesouro de longo prazo ajudará a esfriar a economia o suficiente para reduzir a necessidade de mais aumentos nas taxas de juros nos Estados Unidos.
Vários dos formuladores de políticas monetárias mais hawkish (favoráveis a juros mais altos) do banco central dos EUA, que falaram na terça-feira (7), sinalizaram que o aperto acumulado das condições financeiras desde julho — com os rendimentos dos títulos do Tesouro de 10 anos subindo mais de 100 pontos-base — poderia ter um efeito de amortecimento na economia, embora eles queiram mais tempo para ver se isso vai durar.
“Acompanhamos alguns progressos bem-vindos em relação à inflação, mas os preços ainda permanecem muito altos”, disse a presidente do Federal Reserve de Dallas, Lorie Logan, em uma conferência em Kansas City.
“Para mim, a questão central é se as condições financeiras que estamos vendo hoje são suficientemente restritivas para devolver a inflação à meta de 2% de maneira oportuna e sustentável.”
Christopher Waller, do Fed, durante um discurso em St. Louis, chamou o aumento nos rendimentos de um “terremoto” para o mercado de títulos, enquanto Michelle Bowman disse que ainda é cedo para se saber quais serão os efeitos completos da recente alta.
Na semana passada, o banco central americano manteve sua taxa de juros inalterada no intervalo de 5,25% a 5,5%, marcando a segunda reunião consecutiva sem um aumento na taxa.
O presidente do Fed, Jerome Powell, sugeriu que a autoridade monetária possa ter concluído os aumentos nas taxas, citando a alta nos rendimentos dos títulos do Tesouro como um fator potencial. Desde então, os rendimentos caíram um pouco, alimentando o otimismo dos investidores de que o Fed pode ter encerrado o aperto.
“Vou observar para ver se isso continua e o que isso significa para as implicações da política monetária”, disse Logan.
Os funcionários do Fed disseram que parte do debate se resume a se os rendimentos subiram devido a uma perspectiva econômica mais forte ou se os investidores estão exigindo uma compensação extra para manter a dívida.
Estimativas do componente dos rendimentos que representam essa compensação são frequentemente referidas nos círculos do mercado de títulos como o “prêmio a prazo”.
O presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, falando em uma entrevista à Bloomberg Television na terça-feira (7), disse que avaliar os movimentos do Tesouro era complicado e brincou que o prêmio a prazo é a versão dos economistas de “matéria escura”.
“É o resíduo de todas as coisas que não podemos explicar”, disse ele. “Não é que nossos modelos estejam errados, é a matéria escura que está por aí.”
Kashkari argumentou que vários fatores podem estar impulsionando os rendimentos e disse que ainda não se sente confortável em afirmar definitivamente qual deles está mais presente no ambiente atual.
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