Bloomberg — O presidente da Argentina, Javier Milei, decidiu endurecer as leis de imigração do país como parte de seu esforço para reduzir ainda mais os gastos públicos, em mais um aceno ao aliado próximo Donald Trump no processo.
O porta-voz do governo, Manuel Adorni, divulgou uma ordem executiva na quarta-feira (14) que determina que a cidadania seja disponibilizada apenas para imigrantes que passarem dois anos ininterruptos na Argentina - ou para aqueles que fizerem um “investimento relevante”. A residência permanente, por sua vez, será concedida apenas àqueles com “recursos suficientes” e sem antecedentes criminais.
Há muito tempo a Argentina recebe os imigrantes de braços relativamente abertos, oferecendo até mesmo assistência médica e educação gratuitas aos residentes estrangeiros. Mas o governo de Milei começou a reverter essa situação no ano passado, permitindo que as universidades públicas cobrassem mensalidades de não residentes.
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“Hoje temos uma política migratória que convida ao caos e ao abuso por parte de muitos malandros, que estão longe de vir morar no país de forma honrosa para construir um futuro próspero”, disse Adorni aos repórteres em Buenos Aires. “É hora de honrar nossa história e tornar a Argentina grande novamente.”
Nos últimos 20 anos, 1,7 milhão de estrangeiros imigraram informalmente, disse Adorni. O uso de hospitais públicos por imigrantes custou ao Estado 114 bilhões de pesos (US$ 100 milhões), acrescentou. De agora em diante, os estrangeiros precisarão de seguro de saúde para ter acesso aos serviços.
O governo de Milei também anunciou que qualquer condenado por crimes que entrar na Argentina será rejeitado pelas autoridades migratórias e aqueles que entrarem ilegalmente serão deportados. Embora aqueles que cometeram crimes menores tenham sido autorizados a permanecer no país antes, agora serão expulsos - e os prazos judiciais para lidar com esses casos serão acelerados.
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A linguagem de deportação também imita a de Trump. Milei cultivou um forte vínculo ideológico com o presidente dos Estados Unidos, destacando-o em um discurso contra o presidente no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, e fazendo várias peregrinações a eventos conservadores em todo o mundo. A Argentina anunciou sua intenção de deixar a Organização Mundial da Saúde, seguindo os passos dos EUA, e está considerando se retirar do acordo climático de Paris, assim como Trump.
Na esteira de todos esses esforços, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, fez uma rara viagem à Argentina dias depois que o país assinou um novo acordo de financiamento de US$ 20 bilhões com o Fundo Monetário Internacional.
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