Bloomberg — O presidente Javier Milei reduziu as tarifas que tornaram a Argentina um dos países mais caros do mundo para comprar iPhones após décadas de políticas protecionistas, cumprindo uma promessa de campanha de abrir a economia ao comércio.
O governo de Milei anunciou nesta terça-feira (13) que reduzirá os impostos sobre celulares importados de 16% para 8% nesta semana e que eliminará totalmente a tarifa até o início do ano que vem, de acordo com o porta-voz chefe Manuel Adorni. O governo também reduzirá os impostos domésticos sobre eletrônicos importados.
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As tarifas fizeram com que alguns iPhones custassem mais de US$ 2.000 na Argentina, um preço tão alto que muitos consumidores pagariam menos para voar até Miami e comprar um celular lá.
Um mercado negro de produtos da Apple e de outras marcas importantes tornou-se um elemento básico da vida durante anos na segunda maior economia da América do Sul.
“Um celular com tecnologia 5G custa duas vezes mais aqui do que no Brasil ou nos Estados Unidos”, disse Adorni durante uma coletiva de imprensa em Buenos Aires. “É uma situação tão ridícula que as pessoas pagariam um voo e uma estadia em um hotel para comprar algo tão básico como um celular em outro país. E, mesmo assim, era mais barato do que comprá-lo na Argentina.”
No Brasil, o modelo mais barato do iPhone 16 é oferecido pela Apple em seu site por R$ 7.799 (aproximadamente US$ 1.389), enquanto o mesmo modelo é vendido nos Estados Unidos por US$ 799 (R$ 4.486).
A ex-presidente Cristina Kirchner impôs tarifas exorbitantes há mais de uma década sobre os produtos da Apple e outros eletrônicos importados.
Seu governo forçou as empresas a montar celulares e outros produtos na Terra do Fogo, uma província mais próxima da Antártica do que Buenos Aires, para ficarem isentas das tarifas. Como resultado, os preços dos eletrônicos importados dispararam.
A medida de Milei é apenas um exemplo de como o economista libertário pretende abrir a Argentina ao comércio global. Mas sua posição em relação à redução das barreiras comerciais contrasta com as tarifas que seu principal aliado, o presidente Donald Trump, impôs à China, o que levou a Apple a considerar aumentos de preços.
Por sua vez, Milei descartou a diferença de política entre a Argentina e os EUA e rejeita rotular as medidas de Trump como protecionismo, argumentando que são táticas geopolíticas.
-- Com informações adicionais da Bloomberg Línea sobre os preços do iPhone no Brasil.
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