Inflação ao produtor nos EUA cai 0,1% em agosto e reforça apostas em corte de juros

O recuo do índice de preços ao produtor sugere cautela das empresas em repassar custos mais altos, mesmo diante das tarifas de Trump. O movimento fortalece a visão de que o Fed terá espaço para cortar os juros

Após a divulgação, os futuros de ações e os Treasuries dos EUA avançaram. (Foto: Cyril Marcilhacy)
Por Augusta Saraiva
10 de Setembro, 2025 | 10:07 AM

Bloomberg — A inflação no atacado dos EUA caiu inesperadamente em agosto pela primeira vez em quatro meses, o que reforça os argumentos para que o Federal Reserve reduza os juros.

O índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) recuou 0,1% em relação ao mês anterior, e o dado de julho foi revisado para baixo, segundo relatório do Bureau of Labor Statistics divulgado nesta quarta-feira. Na comparação anual, o PPI subiu 2,6%.

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O relatório sugere que as empresas evitaram reajustes elevados no mês passado, apesar dos custos maiores decorrentes das tarifas do presidente Donald Trump. Embora a queda suceda um avanço expressivo em julho, muitas companhias mostraram cautela diante do risco de que aumentos muito fortes afugentassem consumidores em um cenário de incerteza econômica que continua a pesar nas decisões de gasto.

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Após a divulgação, os futuros de ações e os Treasuries dos EUA avançaram.

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Os preços de bens, excluindo alimentos e energia, subiram 0,3%. Já os custos de serviços caíram 0,2%.

Dentro de serviços, as margens de atacadistas e varejistas recuaram 1,7%, e igualou a maior queda da série histórica iniciada em 2009. As margens têm oscilado de mês a mês neste ano, refletindo a incerteza em torno do impacto da política comercial sobre preços e demanda.

O grau em que as empresas repassarão aos consumidores o peso das tarifas será fundamental para definir o rumo dos juros em 2025. Embora autoridades do Fed esperem que as tarifas de importação elevem a inflação ao longo do ano, ainda não está claro se será um ajuste pontual ou um efeito mais duradouro.

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Os dados de preços ao consumidor, que serão divulgados na quinta-feira, trarão indícios sobre quanto das tarifas chegou às famílias americanas em agosto. As projeções apontam para mais um avanço mensal elevado no núcleo do índice, que exclui alimentos e energia.

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A expectativa majoritária é de que os formuladores de política monetária cortem os juros na reunião da próxima semana, em resposta à rápida desaceleração do mercado de trabalho. O presidente do Fed, Jerome Powell, sinalizou cautelosamente essa possibilidade no simpósio de Jackson Hole no mês passado, e dados recentes mostraram que a fraqueza nas contratações se estendeu para agosto.

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Economistas também acompanham de perto o relatório do PPI porque alguns de seus componentes entram no cálculo do índice de preços de despesas de consumo pessoal (PCE), a métrica de inflação preferida pelo Fed.

Esses componentes mostraram sinais mistos em agosto: serviços de gestão de portfólio e passagens aéreas continuaram em alta sólida, enquanto várias medidas de serviços de saúde foram mais moderadas.

Uma métrica menos volátil do PPI, que exclui alimentos, energia e serviços de comércio, avançou 0,3%. Já os custos de bens processados para demanda intermediária — que refletem preços mais cedo na cadeia produtiva — subiram 0,4%.

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