Bloomberg — Forças dos Estados Unidos interceptaram e apreenderam um navio petroleiro sob sanções na costa da Venezuela, segundo pessoas familiarizadas com o assunto ouvidas pela Bloomberg News — um movimento que representa uma escalada séria nas tensões entre os dois países.
Os EUA realizaram uma “ação judicial em uma embarcação sem nacionalidade” que esteve atracada pela última vez na Venezuela, afirmou um alto funcionário do governo Trump.
O presidente Donald Trump confirmou a apreensão mais tarde, na quarta-feira (10). “Como vocês provavelmente sabem, acabamos de apreender um petroleiro na costa da Venezuela — um navio grande, muito grande, na verdade o maior já apreendido”, disse Trump na Casa Branca. “E outras coisas estão acontecendo.”
A estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA) e os ministérios do Petróleo e da Informação não responderam de imediato aos pedidos de comentário.
Os preços internacionais do petróleo subiram após a notícia da apreensão, com o Brent avançando até 0,8% nas negociações em Londres.
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A ação dos EUA pode tornar muito mais difícil para a Venezuela exportar seu petróleo, já que outros transportadores tendem a ficar mais relutantes em carregar seus volumes.
A maior parte do petróleo venezuelano vai para a China, geralmente por meio de intermediários, com grandes descontos devido ao risco associado às sanções.
“A apreensão de um petroleiro venezuelano pelos EUA representa uma clara escalada, da esfera das sanções financeiras para a interdição física — aumenta o custo político para Caracas e para qualquer um que facilite suas exportações”, disse Jorge Leon, chefe de análise geopolítica da Rystad Energy.
“Esse tipo de ação cria um piso geopolítico para os preços: mesmo volumes modestos podem influenciar o sentimento quando o risco envolve rotas marítimas e escalada entre Estados.”
O governo Trump vem intensificando a pressão sobre o presidente venezuelano Nicolás Maduro, que é acusado por Washington de comandar uma operação de narcotráfico.
O Pentágono realizou mais de 20 ataques contra embarcações supostamente ligadas ao tráfico de drogas em águas próximas à Venezuela e à Colômbia, resultando na morte de mais de 80 suspeitos. Trump já sugeriu diversas vezes a possibilidade de ataques em terra e afirmou que os “dias de Maduro estão contados”.
O governo Maduro descreve as ações dos EUA como uma tentativa de se apossar das reservas de petróleo da Venezuela, entre as maiores do mundo. A apreensão vem à tona no mesmo dia em que María Corina Machado, líder da oposição venezuelana a Maduro, recebeu o Prêmio Nobel da Paz.
Nos últimos meses, Maduro convocou os venezuelanos a se unirem contra o que chamou de ameaças dos EUA e a se alistarem na milícia cidadã. Ele também deslocou tropas, navios, aeronaves e drones para a fronteira com a Colômbia, alguns estados litorâneos e uma ilha.
A PDVSA trabalha com um pequeno grupo de parceiros internacionais, incluindo a Chevron, sediada em Houston, para realizar operações de perfuração em várias regiões do país.
Pelo acordo atual, a Chevron recebe uma parcela do petróleo produzido por suas joint ventures com a PDVSA. Uma licença emitida pelo Departamento do Tesouro dos EUA isenta a empresa americana das sanções.
Mais cedo na quarta-feira, o CEO da Chevron, Mike Wirth, disse em entrevista à Bloomberg TV que a empresa está dialogando com o governo Trump para continuar em conformidade com as sanções aplicadas à Venezuela.
-- Com a colaboração de Lucia Kassai e Skylar Woodhouse.
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