Bloomberg — O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, fez seu apelo mais explícito até o momento para que o Federal Reserve dê início a um ciclo de cortes nas taxas de juros: ele “sugeriu” que a taxa de referência do banco central deveria ser pelo menos 1,5 ponto percentual mais baixa do que é atualmente, no intervalo de 4,25% a 4,50%.
“Acho que poderíamos entrar em uma série de cortes nas taxas, começando com um corte de 50 pontos base em setembro”, disse Bessent em uma entrevista para a Bloomberg TV nesta quarta-feira (13).
“Se você olhar para qualquer modelo”, ele sugere que “provavelmente deveríamos estar 150, 175 pontos base abaixo [do atual patamar]”.
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Os formuladores de política monetária do Fed mantiveram seu índice de referência em uma faixa-alvo de 4,25% a 4,5% em sua última reunião no dia 30 de julho.
Bessent reiterou sua avaliação de que, se as autoridades estivessem cientes dos dados revisados sobre o mercado de trabalho que foram divulgados dois dias após a reunião, elas poderiam ter cortado as taxas. Esse também pode ter sido o caso da reunião do Fed em junho, disse ele.
“Suspeito que poderíamos ter tido cortes nas taxas em junho e julho”, disse Bessent - fazendo alusão aos dados divulgados pelo Bureau of Labor Statistics em 1º de agosto, que revisaram para baixo os ganhos da folha de pagamento em maio e junho em 258.000.
No mesmo dia, Donald Trump ordenou a demissão da chefe do órgão de estatísticas.
Em geral na economia americana, os secretários do Tesouro evitam fazer declarações específicas sobre as taxas do Fed, e o próprio Bessent vem dizendo há meses que só falaria sobre as decisões anteriores do banco central em relação às políticas - e não sobre as futuras.
O presidente Donald Trump, por sua vez, tem criticado repetidamente o presidente Jerome Powell por não ter cortado as taxas de juros neste ano.
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Powell e muitos de seus colegas do FOMC (Comitê Federal de Mercado Aberto), que toma as decisões sobre os juros, disseram que querem ver mais evidências sobre qualquer impacto dos aumentos das tarifas comerciais sobre a inflação e as expectativas.
Bessent disse que há 10 ou 11 candidatos em consideração para suceder Powell quando seu mandato como presidente terminar em maio de 2026, sem citar os nomes. Ele disse que há tanto funcionários atuais do Fed quanto indivíduos do setor privado na lista.
Ele também disse que não espera que Stephen Miran, nomeado por Trump para preencher a vaga existente no conselho do Fed e ex-chefe do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca, permaneça no banco central depois de janeiro, quando termina seu mandato temporário.
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