BC da Argentina deve manter juros mesmo com inflação alta, dizem fontes

Inflação anual está 135%, mas autoridade monetária tem evitado elevar os juros para não desacelerar ainda mais a economia

Banco Central da Argentina, no distrito financeiro de Buenos Aires
Por Ignacio Olivera Doll e Manuela Tobias
10 de Outubro, 2023 | 11:27 AM

Bloomberg — A diretoria do banco central da Argentina planeja manter os juros inalterados na quinta-feira, apesar dos dados de inflação próximos das máximas de três décadas, disseram duas autoridades com conhecimento direto do assunto.

O comitê de política monetária do banco provavelmente manterá a taxa básica em 118% porque acredita que as pressões de preços mostraram sinais de estarem esfriando nas últimas semanas, disseram as fontes, que pediram anonimato.

Um porta-voz da autoridade monetária não respondeu a um pedido de comentário.

A inflação mensal média nos últimos dois meses foi de 12%, disse o banco central em relatório publicado na segunda-feira, antes dos dados oficiais da agência de estatísticas que saem na quinta.

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Isso está um pouco acima da inflação mensal de 11,3% esperada para setembro por economistas sondados pela Bloomberg, que estimam a taxa anual em 135%, o nível mais elevado desde que o país saiu da hiperinflação no início da década de 90.

O BC argentino tem evitado aumentar ainda mais os juros, depois de elevar a taxa básica em 21 pontos percentuais em meados de agosto, quando desvalorizou o câmbio oficial.

A maior volatilidade associada às eleições presidenciais, em 22 de outubro, juntamente com uma seca histórica que custou à economia US$ 20 bilhões em exportações, fez com que os preços disparassem e a atividade diminuísse, a caminho de uma recessão.

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O libertário Javier Milei, favorito depois de ser o mais votado nas primárias de agosto, quando os candidatos oficiais de cada partido foram escolhidos, defende abertamente a dolarização da economia.

Apesar do aperto monetário do banco central, a pressão sobre a moeda argentina continua. A taxa de câmbio no mercado paralelo se enfraqueceu para um recorde de 945 pesos por dólar na segunda-feira e a diferença em relação à taxa oficial atingiu 170%.

Muitos economistas veem como praticamente inevitável outra desvalorização do câmbio oficial depois das eleições.

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