Arrecadação com tarifas reduz déficit fiscal dos EUA, mas juros ainda limitam ajuste

Recuo veio após aumento de US$ 195 bilhões na arrecadação de tarifas, mas os juros da dívida e a Previdência ainda pressionam as contas públicas

Gastos com juros da dívida ainda continuam sendo os principais impulsionadores dos déficits que os EUA vêm apresentando nos últimos anos (Foto: Bloomberg)
Por Daniel Flatley
16 de Outubro, 2025 | 05:11 PM

Bloomberg — O déficit orçamentário dos EUA diminuiu ligeiramente no ano fiscal de 2025, uma vez que a receita tarifária atingiu um recorde, embora o ritmo de empréstimos permaneça historicamente elevado em um momento de expansão econômica e estabilidade financeira.

O déficit para o ano fiscal foi de US$ 1,78 trilhão, abaixo dos US$ 1,82 trilhão em 2024, uma queda de 2%, de acordo com os números divulgados pelo Departamento do Tesouro nesta quinta-feira (16).

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A lacuna ecoou amplamente uma estimativa do Escritório de Orçamento do Congresso publicada na semana passada.

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Os aumentos drásticos das tarifas do presidente Donald Trump ajudaram a gerar uma receita líquida de US$ 195 bilhões em tarifas para o ano fiscal, que terminou em 30 de setembro.

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O secretário do Tesouro, Scott Bessent, disse que os EUA poderiam receber até US$ 500 bilhões por ano em receitas tarifárias.

No entanto, a base legal para uma grande parte dessas cobranças continua sob análise, com um caso pendente na Suprema Corte.

(Fonte: dados compilados pela Bloomberg)

A mais recente legislação tributária de Trump, assinada em julho, também deverá afetar o orçamento federal. A divulgação de quinta-feira mostrou uma queda nos recebimentos de impostos corporativos para o mês de setembro, em parte refletindo as medidas incluídas na chamada One Big Beautiful Bill Act.

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As receitas brutas de impostos corporativos caíram cerca de 41%, para US$ 65 bilhões.

Como parcela do produto interno bruto, o déficit para 2025 está estimado em 5,9%, disse um funcionário do Tesouro, abaixo dos 6,3% do ano passado.

Isso se baseia em uma estimativa interna do Tesouro, disse o funcionário, já que os dados oficiais do PIB para o trimestre de julho a setembro ainda estão pendentes.

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Impulsionadores de gastos

Bessent disse que quer ver o índice de déficit cair para “algo com um três na frente” até o final do segundo mandato de Trump.

Um índice de 3% é uma espécie de padrão internacional de probidade fiscal - servindo como o nível que as nações da região do euro devem aderir.

Muitos economistas veem a última lei tributária corroendo o crescimento da receita na próxima década, piorando a trajetória já acentuada dos empréstimos federais.

O Tax Policy Center estimou que a lei aumentará a dívida federal em US$ 4,2 trilhões, ou 9% do PIB, até 2034.

Os gastos crescentes com juros da dívida nacional e com a Previdência Social continuam sendo os principais impulsionadores dos déficits que os EUA vêm apresentando nos últimos anos.

Os gastos com a Administração da Previdência Social foram de US$ 1,6 trilhão em 2025, um aumento de 8% em relação ao total de US$ 1,5 trilhão do ano fiscal anterior.

Os gastos com Saúde e Serviços Humanos aumentaram 10%, impulsionados pelo Medicare e pelo Medicaid.

Os gastos brutos com juros da dívida pública atingiram o recorde de US$ 1,22 trilhão no ano fiscal, um aumento de 7% em relação a 2024.

O déficit foi contido por uma mudança de política que afetou os planos federais de empréstimos estudantis, de acordo com o funcionário do Tesouro. O Departamento de Educação viu uma redução de US$ 233 bilhões em seus gastos para o ano fiscal de 2025.

--Com a ajuda de Gregory Korte.

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