Avenue aposta em ETFs com regulação europeia, de olho em vantagem fiscal e sucessória

Corretora pioneira em investimentos no exterior para brasileiros, fundada por Roberto Lee, vai oferecer 30 UCITS ETFs a partir de agosto; ‘são produtos para quem mira o longo prazo’, diz Alexandre Artmann, diretor de operações

City of London, em Londres: novos ETFs disponibilizados pela Avenue serão negociados no mercado local (Foto: Jose Sarmento Matos/Bloomberg)
16 de Julho, 2025 | 08:00 AM

Bloomberg Línea — A Avenue decidiu apostar em uma nova “prateleira” de ETFs sob a legislação europeia UCITS – conjunto de regras que define um padrão para fundos que operam em todo o território da União Europeia.

Apesar de as negociações dos fundos de índice serem realizadas na Europa, os novos UCITS ETFs são dolarizados e oferecem os mesmos produtos que os ETFs americanos já disponíveis na casa fundada por Roberto Lee, que tem o Itaú como sócio.

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A diferença, segundo Alexandre Artmann, diretor de operações da Avenue, está nas vantagens fiscais e sucessórias que podem representar maiores ganhos ao investidor com patrimônio internacional.

“É o mesmo índice, o mesmo produto espelhado — seja S&P500, Nasdaq ou renda fixa —, mas com uma estrutura que protege melhor o investidor pessoa física”, afirmou Artmann.

Um dos principais benefícios destacados é que os UCITS ETFs oferecem a possibilidade de acumulação de dividendos.

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Nos EUA, os dividendos pagos precisam, obrigatoriamente, ser distribuídos – o que gera cobrança de imposto. Na Europa, é possível acumular e reinvestir o provento, o que deixa o produto potencialmente mais rentável.

Além disso, por estarem fora da jurisdição americana, esses produtos não entram no cálculo de sucessão dos EUA, que impõe alíquota de até 40% para valores acima de US$ 60.000 em ativos como ações e ETFs.

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Na Avenue, os ETFs disponíveis até então seguiam a regulação americana, enquanto os fundos de investimento já operavam sob o regime UCITS. Com a novidade, a corretora iguala as condições entre os dois tipos de produto.

A nova prateleira de produtos irá contar com 30 UCITS ETFs – será a primeira oferta desse tipo para brasileiros com ativos negociados exclusivamente no exterior.

Em maio, a gestora Investo e o Grupo Primo lançaram um ETF na B3 com padrão UCITS: o GPUS11, com domicílio na Irlanda e que acompanha o S&P 500.

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Todos os 30 ETFs serão negociados em Londres e replicam índices de ativos como ações globais, além de fundos de renda fixa e alternativos. A seleção inclui ETFs de gestoras como BlackRock, Vanguard, JP Morgan Asset e WisdomTree.

A estreia dos novos produtos está marcada para a primeira quinzena de agosto. A ampliação da oferta para produtos negociados em outras moedas – como euros ou libras – irá depender da demanda dos clientes.

“Não é um produto ideal para trading, uma vez que tem um pouco menos de liquidez e horários diferenciados de negociação na Europa. Mas acreditamos que é uma ferramenta muito mais eficiente do que o ETF americano para o investidor brasileiro que busca o longo prazo”, disse o diretor.

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O lançamento tem como objetivo fidelizar a base atual de clientes, que já supera 1 milhão de contas.

Fundada em 2018 por Roberto Lee, a Avenue é pioneira em soluções para brasileiros investirem no exterior e, desde 2022, tem o Itaú como sócio após o banco adquirir 35% da empresa.

Artmann disse avaliar que o apetite de brasileiros por investimentos internacionais permanece sólida apesar da volatilidade no cenário global dos mercados provocada pelas políticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

“Vale lembrar que os EUA tem muita liquidez, muita oferta de produto e muita diversificação. Há de fato um acesso global pelo mercado americano”, afirmou.

Ainda assim, a Avenue vem ampliando sua oferta para além do mercado dos EUA, com produtos como bonds corporativos de países do G7.

A corretora anunciou, em junho, a inclusão de mais de 140 novos bonds como reforço da estratégia em oferecer alternativas globais de diversificação.

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Beatriz Quesada

Jornalista especializada na cobertura econômica. Formada pela USP, escreve sobre mercados, negócios e setor imobiliário. Tem passagens por Exame, Capital Aberto e BandNews FM.