Vitha, marca nativa digital de suplementos, chega a R$ 100 mi com foco no público 40+

Empresa registra 12 trimestres seguidos de crescimento com vendas online e prevê novo salto com entrada em farmácias, segundo contam o CEO e fundador, Thiago Pires, e o investidor Leonardo Tonini, da Emerge Ventures, à Bloomberg Línea

Parque do Ibirapuera, um dos locais preferidos de corredores na cidade de São Paulo (Foto: Reprodução/Instagram Ibirapuera Oficial)
04 de Dezembro, 2025 | 05:30 AM

Bloomberg Línea — Por muitos anos, o apelo das marcas de suplementos foi voltado à conquista de um público jovem, com perfil atlético e ligado à forma física. Nos últimos anos, no entanto, a suplementação saiu das academias, avançou pelos consultórios médicos e ganhou as ruas, atraindo um novo contingente de adeptos.

O crescimento de diferentes práticas esportivas, como a corrida, também contribuiu para essa tendência, em particular no pós-pandemia - assim como evidências científicas sobre benefícios de produtos como a creatina, o segundo suplemento mais comercializado atualmente, atrás apenas do whey protein.

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Trata-se de um mercado que movimenta R$ 15,4 bilhões ao ano, de acordo com dados da Euromonitor International a pedido da Bloomberg Línea. A projeção é de que chegue a R$ 24,8 bilhões em 2030, com crescimento de 60,9% em cinco anos.

Fundada há dez anos, a Vhita acompanhou esse processo de evolução e expansão do mercado no Brasil percorrendo um caminho particular: o foco em um público específico, pessoas com mais de 40 anos.

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A marca oferece apenas tipos de produtos (medidos em SKUs), como ômega 3, coenzima Q10, colágeno, creatina e complexo B.

“A nossa base é composta por pessoas que nunca haviam tomado suplemento antes”, disse Thiago Pires, CEO e fundador da Vhita, à Bloomberg Línea.

“Geralmente são pessoas que começam a sentir os sinais do envelhecimento - mais cansaço, algumas dores - e percebem que precisam cuidar melhor da saúde para acompanhar os filhos e manter a qualidade de vida.”

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O foco foi adotado a partir de um processo pragmático. Após anos em que buscou se comunicar com o público em geral, a empresa mergulhou nos dados de compra e descobriu que já tinha um público cativo.

“Fizemos uma escolha: vamos parar de falar com todo mundo e focar apenas nesse público. Produto, mensagem, embalagem - tudo”, disse Leonardo Tonini, cofundador da Emerge Ventures e investidor majoritário da Vhita.

A Vhita foi a primeira investida da gestora fundada em 2022 por Tonini, ex-CMO (Chief Marketing Officer) da Mondelez, e Eduardo Moraes, fundador da Latinex, empresa de snacks doces e salgados adquirida pela M.Dias Branco em 2021.

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O fundo investe em negócios de bens de consumo e tem ainda Petvi e Scientific Skin Tech no portfólio.

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Com um modelo “mão na massa”, a Emerge Ventures adquire o controle majoritário das empresas em que investe. “É um modelo de operadores, não apenas de cheque”, disse Tonini. “Neste ano, o modelo vingou de verdade.”

Ele se referiu ao crescimento da Vhita, que chegou ao run rate de R$ 100 milhões em 2025, superando a projeção inicial de R$ 50 milhões, que já representaria o dobro dos R$ 25 milhões registrados em 2024.

Desde a entrada dos investidores, a empresa cresceu 20 vezes e soma 12 trimestres de resultados positivos.

A Vhita está no universo das DNVBs (Digitally Native Vertical Brands) e o sucesso depende muito do marketing e das interações que desenvolve com o público.

A empresa opera com e-commerce próprio (que responde por dois terços do faturamento) e marketplace (um terço), com investimento anual superior a R$ 20 milhões em marketing.

Leonardo Tonini, da Emerge Ventures, gestora que detém o controle da Vhita:  o varejo físico trará um crescimento incremental e mais rentável, porque não pagamos o custo de marketing das plataformas digitais

O ritmo visto em 2025, de acordo com os sócios, deriva de uma combinação de fatores.

Do lado da comunicação, a Vhita refinou as mensagens, com o desenvolvimento de conteúdos educativos; e também criou um podcast, apresentado pela atriz Carolina Ferraz, que explora os benefícios do consumo de suplementos. Além disso, tem conseguido mensurar melhor a efetividade dos anúncios.

Houve novidades também na frente de produtos: o lançamento do Ômega 3 em 1, que combina ômega 3 com enzimas digestivas, vitamina D e vitamina E em apenas duas cápsulas (em vez das tradicionais seis), se mostrou uma aposta bem-sucedida.

“É inovação pela conveniência, não tecnológica”, disse Tonini. “Uma pessoa não quer tomar seis cápsulas por dia.”

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Expansão para o varejo físico

Depois da consolidação da operação digital, a Vhita começa a entrar no varejo físico, a partir de redes de farmácias, como a Raia e a Drogasil, da RD.

“O público 40+ está desproporcionalmente mais nas farmácias do que em qualquer outro canal. É um casamento potencialmente muito bom”, disse Pires.

A intenção da marca é desenvolver a categoria dentro do novo canal, um meio que, na avaliação dos sócios da Vitha, ainda peca pela falta ou escassez de informação sobre os diferentes produtos em exposição.

Os sócios acreditam que a entrada no mundo físico vai atrair uma demanda reprimida: pessoas que são impactadas pela comunicação da Vhita, mas preferem comprar no varejo físico.

“O canal físico trará crescimento incremental e mais rentável, porque não pagamos o custo de marketing das plataformas digitais”, previu Tonini.

O movimento será acompanhado pelo desenvolvimento de novos produtos, previstos para chegar ao mercado em 2026: proteínas, whey, colágeno e fibras estão no radar.

“Nós começamos aprendendo sobre o perfil do cliente, como o produto se encaixa no público 40+, e desenvolvemos pensando na utilidade real no dia-a-dia dele”, disse Tonini.

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