Bloomberg Línea — A Ticketmaster, empresa americana de venda de ingressos, afirmou que planeja adotar novos mecanismos em sua plataforma no Brasil e em outros países em que está presente na América Latina para ampliar a transparência no processo que envolve milhares de fãs a cada espetáculo.
“Um fã que compra um ingresso deve ver o mapa de assentos, saber o preço e o que vai pagar, e essa é a nossa abordagem como empresa de venda de ingressos”, disse Adam Newsam, vice-presidente executivo e presidente da divisão de Esportes da empresa para a região, em entrevista à Bloomberg Línea.
A empresa tem expandido sua participação de mercado na América Latina, segundo ele, e tem buscado explorar a oportunidade de crescer nos países em que já opera, entrando em mais categorias de entretenimento.
“Em um país como o Brasil, temos um grande negócio de festivais, um grande negócio de shows, e há outros segmentos em que temos grandes oportunidades de crescimento, como teatro e futebol”, disse ele.
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Experiência de compra na mira
No Brasil, nos Estados Unidos - seu país natal - e em diversos outros mercados, a Ticketmaster e outras empresas de vendas de ingressos estão no alvo de autoridades de defesa do consumidor e da fúria de fãs por causa da precariedade da experiência de compra - quem já não ficou horas em filas virtuais apenas para saber que os ingressos acabaram antes de chegar a sua vez de comprar? - e pela falta de transparência com os valores cobrados.
Em resposta a essas queixas, a empresa planeja implementar algumas ferramentas, segundo o executivo.
Newsam explicou que, até o final deste ano, implementará um produto que permitirá que os fãs registrem antecipadamente seu interesse em um artista ou banda para que a empresa possa contatá-los diretamente quando os ingressos forem colocados à venda.
A empresa também tem buscado exibir mais informações aos clientes que aguardam em filas virtuais sobre suas probabilidades de compra de ingressos com base em sua localização.
“Não me adianta pedir para um torcedor esperar 30 minutos na fila se eu sei que não havia ingressos disponíveis 28 minutos atrás. Portanto, como responsável pela venda de ingressos, meu trabalho é garantir que a comunicação seja realmente clara”, reconheceu o executivo.
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Segundo Newsam, a Ticketmaster rejeita práticas como o drip pricing, em que um preço mais baixo é mostrado ao consumidor e depois aumentado por meio de taxas à medida que o processo de compra avança.
O executivo também negou que apliquem preços dinâmicos de ingressos, como apontado por diversos usuários em publicações nas redes sociais, referindo-se a um aumento nos preços dos ingressos com base na demanda.
Sobre as variações de preço entre assentos na mesma seção, ele disse que elas refletem decisões tomadas entre o promotor do evento e o artista.
Expansão em LatAm
Parte da Live Nation, a Ticketmaster vê uma oportunidade de aprofundar sua presença nos mercados latino-americanos em que já está presente, embora não descarte a possibilidade de passar a operar em outros países da região.
A empresa, que iniciou uma expansão significativa em 2021, agora está presente no Brasil, no Chile, na Argentina, no Peru, no México e na Colômbia, aonde chegou neste ano após adquirir a empresa local La Tiquetera.
“Não descartamos o crescimento em outros mercados. O negócio de entretenimento ao vivo em geral nesta parte do mundo está crescendo e queremos estar onde os fãs estão e onde os artistas querem estar para que possamos atendê-los”, disse Newsam.
A Live Nation destacou que aquisições como a da promotora mexicana OCESA, na qual aumentou recentemente sua participação, ampliaram seus negócios na América Latina de 2 milhões de fãs atendidos com as vendas de ingressos para 16 milhões nos últimos cinco anos.
O crescimento da Ticketmaster na América Latina tem sido apoiado pelo conhecimento que as suas operações locais têm do mercado que atendem.
Newsam comentou que há soluções globais que podem ser adotadas na região, como foi o caso da introdução do bilhete digital SafeTix, ou práticas recomendadas que podem ser alteradas, mas também há diferenças em aspectos como regulações ou características de mercado, até dentro de um mesmo país.
Newsam mencionou que aumentar a presença internacional da bilheteria globalmente é um foco estratégico da companhia.
O crescimento em outras regiões geográficas ocorre em um momento em que a Live Nation enfrenta um maior escrutínio em sua operação doméstica.
Há uma ação judicial do Departamento de Justiça dos EUA que aponta para práticas anticompetitivas e que poderia levar a uma venda obrigatória da Ticketmaster.
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