The North Face à Goldbergh: como o Brasil se tornou alvo de marcas de luxo de inverno

Fabrício Luzzi, fundador da Core Company, e Loes Peet, diretora global de vendas da Goldbergh, explicam à Bloomberg Línea como o país se tornou um ímã para marcas de luxo de esportes como esqui e contam os planos de expansão

Marca Goldbergh na Explore Mode do Shopping Iguatemi
20 de Novembro, 2025 | 06:12 AM

Bloomberg Línea — Brasileiros e neve têm mais em comum do que se imagina.

É o que se depreende da onda (ou avalanche) de marcas de luxo de modalidades esportivas como esqui e snowboard que desembarcaram no país nos últimos anos, de olho em atender um público crescente que viaja para destinos concorridos como Courchevel e Val d’Isère, na França, e Vail, nos Estados Unidos.

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Fabricio Luzzi, fundador da Core Company, foi um dos empresários dos que enxergaram e apostaram nesse mercado potencial.

Ele se especializou na curadoria de marcas de luxo de inverno com lojas em alguns dos principais shoppings do país e disse ver espaço para crescimento de vendas que vão além das férias de final de ano.

Trata-se de um período em que os brasileiros tendem a viajar mais para o exterior, sobretudo para a Europa, em busca da temporada de inverno e ski.

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Luzzi começou a sua incursão no universo de marcas de luxo com uma ideia há cerca de 20 anos enquanto esquiava: e se levasse os produtos da The North Face ao Brasil? Foi então que ele entrou em contato com a marca norte-americana, fundada na Califórnia, e se tornou um dos representantes no país.

Atualmente, a The North Face opera também com lojas próprias no país.

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“A neve é muito aspiracional para o brasileiro. Os primeiros anos no Brasil foram bem árduos, porque não existia uma comunidade de esqui e não era moda igual hoje”, disse Luzzi em entrevista à Bloomberg Línea durante a inauguração de uma nova loja da Explore Mode no Shopping Iguatemi, em São Paulo.

A Explore Mode tem mais duas lojas físicas: uma no Outlet Premium Imigrantes, em São Bernardo do Campo, e outra em Campos do Jordão, na Serra da Mantiqueira, ambas no estado de São Paulo.

A loja de Luzzi é descrita pelo executivo como um hub com curadoria especializada com itens exclusivos para o país de marcas como Goldbergh, Bogner, Cordova, Ugg e Fjällräven, com foco no frio e em esportes na neve.

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Fabricio Luzzi, fundador da Core Company

O faturamento da Core Company atingiu a marca de R$ 30 milhões neste ano, um avanço de 40% em relação ao ano anterior.

A partir do crescimento dos últimos anos, ele decidiu acelerar os planos de expansão: prevê abrir unidades da Explore Mode no Rio de Janeiro, em Curitiba e, depois, Brasília.

Segundo ele, por outro lado, o grupo não deve ultrapassar o patamar de dez lojas no país.

“É um negócio particular e muito focado em curadoria”, explicou. Para os próximos anos, ele disse esperar um ritmo de crescimento mais acomodado, mas ainda na casa de dois dígitos ao ano.

O modelo de operação depende da logística de importação dos produtos para a criação de um estoque que permita que ele consiga atender à demanda sem risco de faltar peça em loja.

A Explore Mode trabalha com um estoque mínimo de sete meses no Brasil, em seu centro de distribuição em Vitória, no Espírito Santo, segundo o executivo.

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As compras para a loja são realizadas com um ano de antecedência. A produção leva de 6 a 8 meses, seguida de mais dois meses no processo de importação, até que os itens cheguem ao país.

As coleções são lançadas nas lojas brasileiras em fases, em lotes menores, para que seja possível apresentar novidades ao longo da temporada.

Esse modelo também permite que a Explore Mode traga produtos exclusivos, como a coleção 007 da Bogner e a Leather Collection da The North Face, disponíveis em poucas lojas do mundo, segundo ele.

“Hoje, 80% das vendas vêm das lojas físicas. O cliente quer experimentar, quer ser atendido como se estivesse em um lounge de esqui”, afirmou Luzzi.

“Começamos a trazer a North Face para esse lado mais adventure, uma moda que pudesse transcender a montanha e que as pessoas possam usar na cidade. E hoje é uma marca muito querida no Brasil para uso diário, especialmente no trekking, que cresceu muito nos últimos anos.”

Goldbergh no Brasil

O avanço no mercado brasileiro é visível também para as marcas vendidas nas lojas da Explore Mode. Durante a inauguração da loja em São Paulo, na semana passada, a diretora global de vendas da Goldbergh, Loes Peet, disse que identifica o país como um dos mercados mais promissores no mundo.

“Nossa primeira cliente na loja de Amsterdã foi uma brasileira. Ela entrou dizendo: ‘Conheço essa marca. Quero me vestir inteira com ela’. O consumidor brasileiro é fiel e valoriza o design feminino”, disse em entrevista à Bloomberg Línea.

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A Goldbergh foi fundada há 15 anos e ganhou força global ao aparecer nos looks de celebridades como as Kardashians e em séries como Emily in Paris de maneira orgânica.

“As brasileiras querem elegância na montanha. Ela quer estar linda, mas ativa”, disse Peet.

Loes Peet, diretora global de vendas da Goldbergh

Uma jaqueta prateada de ski da Goldbergh custa cerca de R$ 8.500 no Brasil, enquanto um gorro está na casa dos R$ 1.300. Uma pochete com franja está na faixa de R$ 5.000, segundo dados no site da Explore Mode.

No cenário internacional, a Goldbergh tem crescido em particular na Europa e nos Estados Unidos, segundo a executiva. A marca também mira uma expansão na Ásia.

Além disso, no futuro, há a possibilidade de expandir a categoria de produtos para o infantil e o masculino, em vez de apenas o feminino.

A executiva disse projetar um crescimento da ordem de “duas, quatro ou cinco vezes” dos níveis atuais para os próximos dez anos e não descarta a abertura de uma loja da marca no Brasil nos próximos anos.

Luzzi disse que o gosto das brasileiras e brasileiros é mais “glamouroso” e, portanto, diferente de outras partes do mundo.

“A versão que chega ao Brasil é diferente da europeia: mais brilho, mais dourado, mais estampas. É quase uma coleção própria”, afirmou.

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