Sorveteria do Pará entre melhores do mundo planeja expansão para SP, Rio e BH

Conhecida pelos sabores regionais como açaí, cupuaçu, taperebá e bacuri, a Cairu, de Belém, se prepara para abrir três novas unidades no Sudeste em 2026, disse à Bloomberg Línea o proprietário e sorveteiro Armando Laiun Filho

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Bloomberg Línea — Reconhecida como patrimônio cultural paraense, a tradicional e premiada sorveteria Cairu se prepara para abrir três novas unidades no Sudeste – as primeiras da marca fora do Pará. A expectativa é abrir três pontos no próximo ano, nas cidades de São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Belo Horizonte (MG).

“Estamos abrindo nossa última nova loja no Pará este ano para, no próximo, partir para outros estados. Queremos estar com as três novas unidades abertas até julho de 2026″, contou Armando Laiun Filho, proprietário da sorveteria, à Bloomberg Línea.

A Cairu chegou a ter uma filial carioca aberta por parentes, que em 2023 mudou de nome para Benza. “Fizemos um acordo para cada um ficar com suas próprias unidades”, explicou Laiun Filho.

Aos 76 anos, o empresário é responsável pela produção da Cairu, tocada por ele e três irmãos. É filho do casal Armando e Ruth Laiun, que começaram em 1963 como um bar, e foram gradativamente transformando o negócio em sorveteria com a aposta em sabores da região amazônica.

São cerca de 12 sabores regionais no cardápio, que incluem cupuaçu, taperebá, bacuri, uxi, tapioca e açaí – este último tem o sabor original da fruta, e segue o padrão de consumo da Amazônia, um resultado diferente da versão adoçada com xarope de guaraná que se popularizou fora do Norte do país.

Ao lado do sabor açaí, o carro-chefe é o Carimbó: sorvete de castanha-do-pará com geléia de cupuaçu feita na casa. O nome homenageia a dança cultural do Pará.

A criação original foi premiada no Festival Mundial do Gelato, em Roma, em 2022, ficando em 32º lugar entre as 50 melhores do mundo – e tornando a Cairu a sorveteria brasileira com melhor colocação no ranking.

O prêmio também rendeu à Laiun Filho o título de “sorveteiro de ouro” do Brasil. A meta é continuar apostando nas premiações, que avaliam, em geral, novos sabores de sorvete. Sem dar spoilers, o sorveteiro diz já estar trabalhando em novas criações para os torneios.

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A mais recente criação da Cairu foi o sabor COP30, que une a geléia consagrada no Carimbó ao sorvete de pistache.

“A COP30 é um evento globalizado, e o pistache é conhecido no mundo inteiro. Então uni a castanha europeia com a castanha do Pará e nossa geleia de cupuaçu”, explicou Laiun Filho.

A Cairu teve um ponto de venda dentro da Blue Zone ao longo do evento, que podia ser visto lotado todos os dias, com algumas das maiores filas da COP. Segundo o sorveteiro, os sabores favoritos dos estrangeiros foram o próprio COP30 e o Carimbó.

A conferência da ONU ocorreu logo após o Sírio de Nazaré, principal evento anual de Belém, que atraiu 2,6 milhões de fiéis para a capital do Pará este ano. A união dos dois eventos triplicou o faturamento deste final de ano, segundo Laiun Filho.

O empresário não abre estimativas para 2026, mas espera que as novas unidades sejam um importante motor para a empresa no próximo ano. A meta é criar fábricas regionais para produção do sorvete nas novas unidades, que vão receber a matéria-prima amazônica.

Hoje a Cairu tem uma fábrica no Pará que permite a produção de 10 litros de sorvete em 10 minutos, totalizando uma produção mensal entre quatro e cinco toneladas. No verão, alta temporada, o montante pode chegar a oito toneladas.

A aquisição das frutas é feita através de diversos parceiros que trabalham com agricultura familiar. O empresário diz que não chega a faltar insumo, mas é natural que alguns frutos tenham menor disponibilidade em algumas épocas do ano, como é o caso do açaí durante a frente de chuvas.

Ainda assim, ele avalia que a cadeia das frutas amazônicas não deve ser impedimento para a expansão da Cairu para outras regiões. “Queremos chegar grande, incomodar as grandes empresas”, afirmou.

E com o sucesso da Cairu entre os estrangeiros que visitaram Belém durante a COP30, o empresário também não descarta uma expansão internacional.

Os planos são a longo prazo, mas já têm destino definido: Miami ou Orlando, cidades da Flórida, nos Estados Unidos, conhecidas por serem algumas das cidades preferidas dos brasileiros que vão morar no exterior.

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