Os bairros mais caros da América Latina: onde ficam e quanto é o metro quadrado?

O bairro de Ipanema, no Rio de Janeiro, é o mais caro do Brasil, mas não da região, em levantamento que considera casas à venda em 26 bairros de alto padrão em 13 países

Barrios más caros de LatAm
12 de Novembro, 2023 | 09:20 AM

Bloomberg Línea — O mercado imobiliário da América Latina tem sofrido nos últimos meses no ambiente de taxas de juros mais altas, que encarecem o acesso ao crédito para a compra de bens, com pressão sobre diferentes segmentos de moradia e os preços nos bairros mais caros da região.

Além desses fatores, há também a desvalorização das moedas de alguns dos mercados latino-americanos em relação ao dólar, algo que, no caso do peso argentino, chegou a 49,40% até o momento em 2023, o que pode também ter exercido pressão sobre o preço dos imóveis.

Os países que atualmente têm os bairros mais caros da região são Argentina, México e Brasil, que também são três das maiores economias da região e desenvolveram um grande mercado imobiliário, de acordo com um relatório das plataformas Properati, Lamudi e Trovit.

As 10 áreas residenciais mais caras da região estão concentradas em cinco dos 13 países analisados.

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As plataformas imobiliárias prepararam o relatório com base em uma análise do preço médio por metro quadrado de casas à venda em 26 bairros de alto padrão em 13 países. Em seguida, compararam os valores em dólares americanos para obter a classificação final.

De acordo com os autores do relatório, esta edição do ranking dos bairros mais caros da América Latina inclui áreas em mais países, diferentemente das listas de 2021 e 2022.

“Há duas razões principais que nos motivam a publicar esse ranking: primeiro, a América Latina é uma das regiões mais desiguais do mundo e, apesar dos obstáculos que enfrenta economicamente, há muitos setores e pessoas que geram riqueza. Em segundo lugar, o setor imobiliário é um dos mercados mais valorizados para investimento na região”, disseram os autores do estudo.

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A riqueza monetária das famílias apresentou um declínio de -2,7% em 2022, em nível global, como resultado da deterioração dos ativos financeiros, representando a queda mais acentuada desde a crise financeira de 2008, concluiu um relatório da Allianz.

Na região, os ativos financeiros brutos per capita são mais altos no Chile (25.030 euros ou US$ 26.754), seguido por Brasil (12.240 euros ou US$ 13.083), México (11.890 euros ou US$ 12.709), Colômbia (5.090 euros ou US$ 5.440), Peru (2.960 euros ou US$ 3.163) e Argentina (1.930 euros ou US$ 2.062).

Os ativos financeiros pertencem às famílias e incluem dinheiro e depósitos bancários, contas a receber de companhias de seguros e instituições de pensão e títulos (ações, títulos e fundos de investimento), entre outros.

De acordo com dados da ONG Habitat for Humanity, mais da metade do 1,8 bilhão de pessoas que atualmente não têm abrigo adequado em todo o mundo vive em assentamentos informais, que são altamente vulneráveis a choques climáticos.

A Habitat for Humanity associa parte do efeito ao crescimento acelerado das cidades e à falta de preparação dos territórios para os riscos.

Na América Latina e no Caribe, “aproximadamente 82% da população vive em áreas urbanas e 47% da população da América Latina tem um déficit habitacional, principalmente qualitativo”, disse Ernesto Castro, vice-presidente de área para a América Latina e o Caribe da Habitat for Humanity International.

Da esquerda para a direita, os bairros de Ipanema (Rio de Janeiro), Puerto Madero (Buenos Aires) e Vila Nova Conceição (São Paulo)dfd

A lista dos bairros mais caros da região é dominada por Puerto Madero (Buenos Aires, Argentina), onde o preço médio de um apartamento de 2 ou 3 dormitórios é de US$ 5.485 por m².

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Em seguida, vem o bairro mexicano de Del Valle (Monterrey), com um preço médio por m² de US$ 4.071, e depois Ipanema (Rio de Janeiro), onde o custo chega a US$ 4.008, Vitacura (Santiago do Chile), com US$ 3.733, e Carrasco (Montevidéu), com US$ 3.705.

O top 10 é fechado pelos seguintes bairros: Vila Nova Conceição (São Paulo, US$ 3.393), Parque Tablada (Córdoba, US$ 2.845), Savassi (Belo Horizonte, US$ 2.797), Puerta de Hierro (Guadalajara, US$ 2.655) e Bosques de las Lomas (Cidade do México, US$ 2.627).

Os autores do relatório chamam a atenção para o aumento dos preços em três bairros colombianos de classe alta.

Eles explicam que nenhum outro bairro da lista apresentou um aumento de preço maior do que El Poblado (Medellín), onde o preço médio por m² subiu 43%.

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Por outro lado, indicam que os bairros Chicó (Bogotá) e El Prado (Barranquilla) alcançaram uma variação de mais de 24%.

Outros aumentos de preços notáveis ocorreram em Montevidéu, Monterrey, Arequipa (Peru) e Guayaquil (Equador), com variações entre 11% e 23%.

Áreas residenciais como San Isidro (Lima, Peru), Costa Verde (Cidade do Panamá, Panamá), San Sebastián (Cuenca, Equador), Pance (Cali, Colômbia) e Vitacura tiveram um aumento mais moderado e não ultrapassaram 10%.

Embora a inflação continue a pressionar os preços em setores como o de moradia, também houve reduções de custo na lista, mesmo entre os 10 principais bairros.

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Bairros como La Carolina (Quito, Equador) ou Las Malvinas (Rosário, Argentina) registraram uma redução nos preços em comparação com o ano anterior, embora em nenhum caso tenha sido superior a 8%.

Essa dinâmica também ocorreu em Vila Nova Conceição, Ipanema, Puerto Madero, Bosque de las Lomas e Puerta de Hierro.

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Daniel Salazar

Profissional de comunicação e jornalista com ênfase em economia e finanças. Participou do programa de jornalismo econômico da agência Efe, da Universidad Externado, do Banco Santander e da Universia. Ex-editor de negócios da Revista Dinero e da Mesa América da Efe.