Cientistas encontram maior depósito de âmbar mesozóico da América do Sul

Achado no Equador mostra âmbar de 110 milhões de anos com insetos e aranhas ainda preservados

Ámbar
Por Isaac Garrido
24 de Setembro, 2025 | 10:36 AM

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Cientistas descobriram o maior depósito de âmbar mesozóico da América do Sul na região amazônica do Equador, de acordo com um estudo publicado na revista científica Communications Earth & Environment.

A descoberta, feita na área de Napo, no leste dos Andes equatorianos, é um marco para o país, pois é o depósito “mais importante” do gênero.

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O depósito tem mais de 110 milhões de anos e foi localizado na pedreira Genoveva, onde os pesquisadores identificaram âmbar com bioinclusões, ou seja, contendo insetos presos na resina , e outro âmbar que se formou nas raízes de árvores resiníferas.

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“Nenhum âmbar mesozóico da América do Sul foi relatado anteriormente como contendo inclusões de artrópodes terrestres“, segundo a publicação.

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O estudo observa que, durante o período Cretáceo, os depósitos de âmbar estavam concentrados principalmente no hemisfério norte, o que torna essa descoberta ainda mais especial.

“A quantidade de âmbar que aparece nesse local é muito maior do que em qualquer outro no hemisfério norte naquela época”, explicou o paleobiólogo Xavier Delclòs, um dos autores do estudo, à Cadena SER.

Esse depósito se originou durante o que os cientistas chamam de Intervalo Resinífero do Cretáceo, um período de milhões de anos em que as florestas de coníferas eram abundantes e produziam grandes quantidades de resina, uma substância que, com o tempo, foi transformada em âmbar.

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“É a primeira vez que insetos e aranhas emergem de um depósito de âmbar mesozoico em toda a América do Sul. E isso, encontrar um depósito com bioinclusões, é algo extraordinário”, disse Delclòs.

Como foi feita a descoberta

A equipe de cientistas coletou 60 amostras de âmbar de três níveis da pedreira. Elas foram submetidas à análise na Europa, onde 21 foram encontradas com bioinclusões e foram devolvidas ao Equador, informou a Cadena SER.

Segundo o estudo, as peças foram preservadas em resina epóxi e serão mantidas no Laboratório de Paleontologia da Escola Politécnica Nacional em Quito.

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A descoberta também serviu para reconstruir o antigo ecossistema da área, identificando um ambiente de floresta úmida, de acordo com a pesquisa.

“O âmbar Genoveva representa o maior depósito de âmbar mesozóico da América do Sul e é um dos poucos no hemisfério sul com âmbar abundante durante o Intervalo Resinífero Cretáceo, o que o torna um recurso fundamental para estudos globais desse fenômeno”, conclui o estudo.

Joyería de ámbar

O valor de mercado do âmbar

A descoberta abre a discussão sobre a importância do âmbar na economia mundial e na joalheria.

Além de seu valor científico, o âmbar é um material amplamente utilizado em joias há 10.000 anos e “pode ser o primeiro material usado para ornamentação”, de acordo com a International Gem Society (IGS).

Atualmente usado em anéis, colares e brincos, recomenda-se que seja montada de forma a protegê-la, pois o material é suscetível a arranhões e danos. Seu preço varia “de US$ 20 a US$ 40.000 ou mais”, de acordo com a International Colored Gemstone Association (ICA).

Ao contrário de outras pedras preciosas, que são medidas em quilates, o âmbar é vendido por grama. Os preços dependem de fatores como transparência, tamanho e presença de insetos visíveis, sendo que o âmbar de cor clara e de alta transparência é o mais procurado.

“Desde o lançamento de ‘Jurassic Park’, as peças contendo mosquitos presos em âmbar se tornaram muito populares entre os colecionadores”, diz o IGS.

Embora os restos de plantas tenham alto valor científico, na joalheria eles “agregam um valor mínimo”, pois geralmente são muito pequenos para serem facilmente apreciados.