Bloomberg — A comida sempre foi uma grande atração em Buenos Aires: refeições à base de carne e vinhos de uva malbec se tornaram um símbolo da personalidade calorosa e imponente da cidade. Mas essa combinação não domina mais a cena.
Na verdade, quem se concentra nessa equação - por melhor que ela seja - perderá a revolução culinária que está varrendo a elegante metrópole sul-americana.
Em vez de simplesmente replicar receitas europeias ou pratos gaúchos, os chefs estão dando à culinária argentina um merecido destaque.
A capital do país está trazendo o melhor da Patagônia, dos famosos pampas e dos vinhos de altitude do norte para as mesas da cidade com cardápios inovadores. Enquanto isso, os bistrôs mais conhecidos fazem com que valha a pena olhar além dos bifes e dos vinhos encorpados.
Novo: Burdo, Colegiales
A estrela em ascensão, a chef Lucila Rodriguez, infunde pratos clássicos argentinos com energia moderna no Burdo, uma casa de cidade elegantemente restaurada no bairro gentrificado de Colegiales, onde a vibração lembra Park Slope, no Brooklyn, em Nova York.
Além do ambiente acolhedor e do serviço atencioso, pratos como o pão chato com alho e mel (11.000 pesos, ou cerca de R$ 41,75) ou o cordeiro refogado com chimichurri caseiro (R$ 106,00) são o destaque.
O espaço interno bem iluminado tem tetos altos que dão a sensação de estar conectado à área de jantar externa. No andar de baixo, a adega de vinhos funciona como sala de jantar - por enquanto, apenas eventos privados e degustações - e apresenta 300 rótulos, desde pinot noirs da Patagônia até malbec de Mendoza e muito mais.
Refeição de negócios: Nuestro Secreto, Recoleta
Localizada onde o distrito financeiro se encontra com os principais hotéis da cidade, a churrascaria Nuestro Secreto - “Nosso Segredo” - do Four Season Hotel Buenos Aires exala exclusividade com um lado de carnes de alta qualidade.
Os clientes podem pedir de tudo, desde croquetes de linguiça de sangue com emulsão de maçã verde e pães doces carnudos até cortes de wagyu e um bife de fraldinha amaciado. As entradas de carne vermelha vêm com chimichurri e variam de 64.000 pesos a 89.000 pesos, aproximadamente R$ 240,00 a US$ 337,00. Situado em uma estufa reformada, é uma experiência carnívora tradicional feita em um nível muito alto.
Se o visitante não conseguir entrar, o restaurante principal do hotel, Elena, tem um cardápio mais amplo e está listado no guia Michelin. (Taylor Swift e Travis Kelce já são fãs do local).
Há também a chance de ver outros rostos conhecidos no mercado ao jantar no hotel. Quando Jamie Dimon, diretor executivo do JPMorgan Chase, esteve na cidade para uma visita, foi lá o lugar onde se hospedou.
Sem reservas: Las Pizarras, Palermo Soho
Se você for daqueles que procuram uma mesa antes da maioria dos restaurantes abrirem em Buenos Aires por volta das 20h - jantares noturnos definem essa cidade - não há mais o que buscar: o Las Pizarras é o veterano da revitalização gastronômica da cidade.
Inaugurado em 2008, o bistrô aconchegante atinge o equilíbrio entre um ambiente descontraído e pratos bem pensados, com todo o cardápio sazonal escrito diariamente nos grandes quadros de giz que adornam as paredes. Robalo grelhado, gaspacho de aspargos e cavatelli de açafrão destacam o cardápio por enquanto, com entradas que variam de R$ 85,00 a US$ 140,00.
Sua localização, no bairro de Palermo Soho, torna-o uma opção acessível a uma ampla gama de clientes, de famílias a amigos e diplomatas - e até mesmo celebridades como Scarlett Johansson. O chef Rodrigo Castilla gosta de passar pelas mesas para conversar sobre comida e servir um pouco mais de vinho.
É possível fazer reservas, mas invariavelmente há espaço para quem sem, pelo menos até o final da noite, quando o local tende a ficar lotado.
Comida barata: La Cocina, Barrio Norte
Uma caixa de empanadas - em especial as do norte da Argentina - é uma busca consagrada pelos turistas que visitam a cidade. O melhor custo-benefício pode ser encontrado no La Cocina, um estabelecimento de 50 anos com lugares limitados e uma clientela fiel que delira com as empanadas no estilo da província de Catamarca, um pouco mais grossas e maiores do que a versão da cidade.
Além da iguaria de massa argentina, o La Cocina também serve locro, o principal ensopado que mantém o calor nos meses mais frios e estimula a sesta para a maioria dos senhores. Comece com uma pequena porção e peça empanadas de carne, milho ou ricota com presunto, além de outras para levar para casa. Elas custam cerca de R$ 10,50 cada.
Jantar: Anchoita, Chacarita
Considere o Anchoita uma embaixada para o melhor da comida argentina. A primeira coisa a fazer, depois de se sentar na elegante sala de jantar com paredes de tijolos, é ir até o centro de queijos artesanais, onde um queijeiro o ajudará com as seleções provenientes de produtores locais de primeira linha e de pequenos lotes (peça o favo de mel cru como acompanhamento).
Depois disso, entradas inovadoras como empanadas de peixe, saladas de couve e lula podem sustentá-lo até que peça o que pode ser um dos melhores bifes da sua vida.
O Anchoita obtém suas carnes de fazendas que criam o gado com capim e aveia e, em seguida, cozinham os cortes em um processo preciso de várias etapas. (O bife de flanco com chimichurri é particularmente excelente.) Também há muitas opções veganas.
O Anchoita também oferece, sem dúvida, o cardápio de vinhos mais extenso e detalhado da cidade, que representa todas as regiões da Argentina, o que deu ao restaurante um público fiel no Terminal Bloomberg. O jantar para dois - aperitivos, vinho, entrada compartilhada, acompanhamento - sai por cerca de R$ 587,00.
Dica privilegiada: Não é fácil conseguir entrar. Se não tiver uma reserva, apareça pelo menos meia hora antes da abertura das portas, às 20h, para tentar garantir uma mesa. Se tiver que esperar até o segundo turno, às 22h30, vá ao Anchoita Cava, o bar de vinhos sem reservas a um quarteirão de distância, com pequenos pratos e o mesmo menu épico de garrafas.
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