A sandália sustentável fez a fama da Linus. Agora a marca expande para linha infantil

Marca de lifestyle sustentável prepara novo salto de crescimento com calçados para crianças, de olho em tendência de mercado e dados que mostram que um terço dos clientes têm filhos, conta a fundadora e CEO Isabela Chusid à Bloomberg Línea

A empreendedora Isabela Chusid, fundadora e CEO da marca de sandálias com materiais sustentáveis Linus (Foto: Fernanda Corsini/Divulgação)
03 de Novembro, 2025 | 10:01 AM

Bloomberg Línea — Uma sandália colorida de plástico - de diferentes cores - tem chamado a atenção de observadores mais atentos nos pés de consumidores de centros urbanos no Brasil e do exterior, de São Paulo e Nova York a Berlim, nos últimos anos.

O seu apelo vai muito além do design: vegana, a sandália é produzida com PVC microexpandido 100% reciclável de origem vegetal, sem testes em animais, com certificação internacional e os selos The Vegan Society e Ambipar Circular Pack.

PUBLICIDADE

A marca de lifestyle sustentável é a brasileira Linus, fundada pela empreendedora Isabela Chusid quando ela tinha 23 anos, em 2018.

A Linus ganhou notoriedade e reconhecimento no mercado por conseguir gerar impacto ambiental com um produto que acessa um mercado endereçável amplo - os preços hoje estão na faixa de R$ 160 (com desconto) a R$ 200 - e uma operação lucrativa, demonstrando que é possível conciliar essas frentes.

E prepara um novo salto nos negócios com o lançamento de uma linha infantil, em informação antecipada à Bloomberg Línea.

PUBLICIDADE

A decisão de lançamento da nova linha - chamada de Mini Linus - foi tomada com base em informações sobre a base de clientes: pais representam cerca de um terço dos consumidores, e a busca por produtos infantis sustentáveis só cresce.

Leia mais: Startup de RH Sólides mira receitas de R$ 1 bi até 2028 com apoio do Warburg Pincus

Trata-se de um segmento de mercado que movimentou estimados R$ 50 bilhões em 2024 no país, com expansão de cerca de 6% ao ano, segundo dados da For Insights Consultancy e do Sebrae.

PUBLICIDADE

“Sempre soubemos que havia uma demanda latente por produtos sustentáveis no segmento infantil. A nova linha é uma resposta responsável às demandas da nossa comunidade”, disse Isabela Chusid em nota.

Da base de clientes, quase a metade (46%) é classificada como recorrente. Segundo a empreendedora, a nova categoria deve contribuir para ampliar ainda mais os índices de fidelização e retenção.

Outro fator levado em conta para o lançamento da linha infantil foi o atributo das sandálias de serem pensadas por consumidores como um produto “presenteável”, o que foi identificado como um dos drivers de crescimento das vendas.

PUBLICIDADE

A expectativa é que a nova linha represente 10% do faturamento da marca já em 2026 - os valores absolutos da Linus não são revelados. Além das sandálias, meias e bonés fazem parte de suas linhas de produtos sustentáveis.

Hoje a Linus está presente em cerca de 450 pontos de venda no Brasil, além da presença em países da Europa, da América do Sul e da Oceania.

A internacionalização se deu de maneira orgânica, segundo a fundadora da Linus, diante de pedidos de compra de consumidores em diferentes países, mas sempre com uma operação cuidadosa do ponto de vista de finanças e gestão, seja por meio de e-commerce ou com parceiros locais de distribuição. O mesmo ocorreu com a presença, a convite, de eventos como a New York Fashion Week.

No ano passado, Isabela foi a representante brasileira e finalista no Cartier Women’s Initiative, um programa que busca reconhecer e premiar empreendedoras de impacto com atuação de destaque em diferentes partes do mundo.

No mesmo ano, foi selecionada como uma das 100 Pessoas Inovadoras da América Latina pela Bloomberg Línea.

A operação da Linus, em particular o uso de materiais recicláveis, tem sido observada e replicada por outras marcas de calçados, o que Chusid descreveu como um impacto positivo adicional do seu modelo de negócios.

“É um longo caminho de mudança, mas vemos que cada vez mais consumidores estão atentos à questão da sustentabilidade ambiental. E, para empresas, fica claro que do jeito que está não dá para continuar”, disse a empreendedora à Bloomberg Línea.

Chusid comanda a Linus desde o início sem recursos de investidores, diante do entendimento de que isso poderia lhe tirar a autonomia de tomar as decisões que julga mais adequadas alinhadas a preocupações sociais e ambientais.

Isso faz com que a gestão financeira do negócio, que “precisa parar de pé por si só”, como faz questão de ressaltar, se tornasse algo prioritário.

Leia mais: Com foco em educação e trabalho, Potencia Ventures seleciona 20 startups de impacto

“Nós atingimos o breakeven em dois meses, porque sempre tive essa preocupação em ser sustentável financeiramente. Sempre fomos muito diligentes com cada centavo”, disse Chusid, que é formada em administração.

Ela contou que a Linus foi criada como loja no Instagram com um investimento inicial de R$ 53.000. Teve como cofundador seu irmão Alan Chusid, empreendedor serial conhecido também pela fintech Neon e que atua como conselheiro.

Os recursos foram aplicados essencialmente no desenvolvimento do produto, em trabalho que levou seis meses e contou com a ajuda de especialistas em palmilha, ortopedistas, engenheiros de material e designers.

Com um modelo de vendas digital, que ainda predomina a despeito da capilaridade em lojas físicas no Brasil e que apresenta melhores margens, a empresa conseguiu crescer 700% na pandemia.

As lojas permitem o conhecimento da marca por novos clientes e o início de um relacionamento que, em um segundo momento, migra em parte para o digital, em busca de novos modelos, com novas cores e tamanhos.

“Faz parte da nossa estratégia de crescimento e cria um círculo virtuoso.”

Isabela, que é a acionista controladora, disse que não descarta a captação por meio de fundos no futuro e que é constantemente procurada por investidores, mas que no momento isso não faz parte dos planos.

Mais recentemente, entre 2023 e 2024, ela trouxe profissionais com experiência em empresas como Magazine Luiza, Alpargatas e Ambev para liderar áreas chave como financeiro, produto e logística, entre outras.

O movimento faz parte de uma decisão pensada não apenas em busca de eficiência mas também de descentralização da tomada de decisões.

Leia também

Como Telma Shimizu fez do Aizomê um ‘império’ nipo-brasileiro em expansão

Liquidez vs construir empresas para durar: o desafio de fundadores no Brasil

Birkenstock: como dois irmãos se tornaram bilionários produzindo chinelos de couro