Prêmio Earthshot, do príncipe William, é ‘holofote’ climático, diz Eduardo Mufarej

Fundador do Renova BR, diretor da gestora Just Climate e único brasileiro no conselho do prêmio criado pelo herdeiro do trono britânico fala à Bloomberg Línea sobre a importância de promover iniciativas que combatem os desafios ambientais

O Earthshot Prize é uma iniciativa do príncipe William para promover iniciativas de proteção do meio ambiente em todo o mundo (Foto: Ian Vogler-WPA Pool/Getty Images)
05 de Novembro, 2025 | 05:29 AM

Bloomberg Línea — O Prêmio Earthshot, criado pelo príncipe William, do Reino Unido, se tornou um “holofote” para iniciativas que buscam reduzir os problemas ambientais no mundo, na avaliação do investidor brasileiro Eduardo Mufarej, que recentemente foi nomeado como um de seus conselheiros (trustee).

Segundo ele, a premiação coloca em evidência soluções que desafiam o status quo e que podem ser escaláveis, com o objetivo de diminuir o impacto negativo da ação humana sobre o meio ambiente.

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“O que o Earthshot espera fazer é que as iniciativas nomeadas ou premiadas se tornem mais conhecidas, para que elas possam ser mais adotadas e ganhem maior tração”, disse Mufarej em entrevista à Bloomberg Línea.

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Mufarej é o único brasileiro no conselho do prêmio, em que divide a responsabilidade com nomes como Jacina Ardern, ex-primeira-ministra da Nova Zelândia, Christiana Figueres, uma das principais articuladoras do Acordo de Paris, além do próprio príncipe William.

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O herdeiro do trono britânico está no Rio de Janeiro nesta semana para participar da cerimônia de premiação do Earthshot, que ocorre nesta quarta-feira (5) na capital fluminense, não por acaso às vésperas da COP30 no Brasil a partir da semana que vem, em Belém (Pará).

Criado em 2020, o Prêmio Earthshot coroa todos os anos cinco iniciativas que atuam em cinco campos distintos: proteção e restauração da natureza; limpeza do ar; restauração dos oceanos; redução do volume de resíduos sólidos; e o conserto do problema climático.

Os vencedores recebem um prêmio de 1 milhão de libras esterlinas cada (aproximadamente R$ 7 milhões) para que possam dar continuidade ao projeto.

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Ao longo dos anos, 20 iniciativas foram premiadas entre 75 finalistas. Mais de 5.600 iniciativas foram avaliadas, segundo os organizadores.

Eduardo Mufarej, ex-sócio da Tarpon e fundador do RenovaBR (Foto: Divulgação)

O prêmio foi concebido para ter duração de 10 anos, com o objetivo de distribuir um total de 50 milhões de libras esterlinas, e a cerimônia no Rio de Janeiro marcará a sua quinta edição.

Em 2025, duas iniciativas brasileiras estão entre as finalistas: a empresa Re.green, especializada em projetos de restauração de florestas e geração de créditos de carbono; e o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), iniciativa promovida pelo governo brasileiro na COP30 para criar um fundo multilateral de proteção a florestas.

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Junto de outros conselheiros, Mufarej é responsável pela gestão, pela supervisão e pela governança do prêmio, mas não participa da seleção das iniciativas finalistas ou vencedoras – o que é feito por um comitê separado.

Segundo ele, o prêmio tem alcançado o seu objetivo, embora ele reconheça que a escala dos projetos vencedores é variada, por se tratar de um grupo muito diverso de soluções e aplicações.

“Quando se fala de uma iniciativa de setor público, muito do trabalho que nós nos propomos a fazer como organização é levar essa iniciativa para outros agentes”, disse Mufarej, que também é sócio e co-diretor de investimentos da Just Climate e fundador do movimento Renova BR, de formação de lideranças políticas.

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A Just Climate é uma empresa de private equity global criada pela gestora Generation, que tem entre os sócios o ex-vice-presidente dos EUA e ativista climático Al Gore e conta com mais de US$ 40 bilhões sob gestão.

“Já para uma solução do mundo empresarial, o objetivo é tentar colocar essa companhia [premiada] na frente de potenciais clientes e potenciais usuários, porque isso ajuda a acelerar a escalabilidade da solução.”

É a primeira vez que a premiação é realizada na América Latina, e Mufarej reconhece que talvez não haverá outra, já que o prêmio tem somente mais cinco anos à frente.

Em um ano de COP30 no Brasil, isso reforça como a pauta climática é relevante para o país e para a região. “O Brasil tem a oportunidade de ser protagonista em múltiplas frentes”, disse ele.

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